Crítica | Divertida Mente (Inside Out) [2015]

Nota do Filme :

Com a mesma música inicial da trilha sonora de Forrest Gump, um dos melhores filmes de todos os tempos, já fica claro que este não é um filme qualquer. Quem sentou para assistir pensando que seria uma simples animação para crianças, teve uma grata surpresa.

Por meio dos sentimentos Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojo, conhecemos as mais variadas combinações de emoções possíveis dentro da cabeça de Riley, nossa personagem principal, em sua incrível jornada de descobertas da vida. Com seus onze anos de idade, começamos a acompanhar a saga de mudanças de cidade, escola, hábitos e, é claro, sentimentos.  

O filme tem várias camadas de interpretações, então vamos por partes. Em um primeiro plano, é possível perceber que a Alegria se mostra imperiosa, tentando se sobrepor a todos os outros sentimentos, formando, então, memórias majoritariamente felizes para a pequena Riley.

As memórias base criadas antes de todas as mudanças mostram que a personagem teve uma infância perfeita aos olhos da Alegria. Porém, com o afastamento dos amigos e algumas dificuldades de adaptação da personagem à sua nova realidade, a Tristeza se instalou de forma abrupta e contínua na vida de Riley, afetando todas as suas memórias base de forma permanente. O que era amarelo e alegre, passa a ser azul e triste.

Uma criança que antes era predominantemente feliz agora precisa se adaptar à nova vida, que não lhe parece nada fácil, e construir novas memórias, agora com a Tristeza presente de forma muito marcante em sua vida.

As memórias deixam de ser momentos alegres e se tornam saudades dolorosas e distantes, a ponto de a personagem acreditar que as pontes construídas ao longo da vida não mais existem.

Assim, conforme acompanhamos a jornada de Riley, fica clara uma segunda camada do filme, que mostra a necessidade da combinação dos outros sentimentos para a formação e aprendizado do ser humano ao longo da vida.

Na verdade, esta dica sempre esteve lá, desde o começo do filme: o cabelo da Alegria é azul, que é a cor da Tristeza, mostrando que há um pouco de uma na outra. O belo só é belo porque há o feio, assim como a Alegria somente existe porque há a Tristeza. O equilíbrio é necessário, ainda que seja difícil.

O filme toca em pontos muito delicados e essenciais que devem ser discutidos na atualidade. Em tempos de fotos perfeitas e rotinas ideais mostradas em redes sociais, é preciso que sejamos lembrados da necessidade de acolhermos também os nossos sentimentos negativos, sem anulá-los ou invalidá-los. Assim como os momentos felizes são importantes, os tristes também nos ensinam muito.

Indico de olhos fechados esse filme, para todas as idades. É o tipo de experiência que temos percepções diferentes cada vez que assistimos, conforme a fase da vida que passamos. Se possível, veja-o mais de uma vez!