Crítica | Caixa de Pássaros (Bird Box) [2018]

Nota do Filme:

Caixa de Pássaros acompanha o mundo pós-apocalíptico após o surgimento de criaturas cuja visão faz com que humanos cometam suicídio. Assim, a narrativa alterna entre o presente, no qual Malorie (Sandra Bullock) deverá navegar um rio às cegas acompanhada por seus filhos – Garoto (Julian Edwards) e Garota (Vivien Lyra Blair) – em busca de santuário, conforme prometido por Rick (Pruitt Taylor Vince), e o passado, no qual é mostrado o surgimento das entidades, e como a protagonista, ainda grávida, após perder a irmã Jessica (Sarah Paulson), encontrou abrigo na residência de Greg (BD Wong), junto de Douglas (John Malkovich), Tom (Trevante Rhodes), Olympia (Danielle Macdonald), Lucy (Rosa Salazar), Felix (Machine Gun Kelly) e Charlie (Lil Rel Howery).

Baseado no livro de mesmo título, primeiro romance do escritor Josh Malerman, o longa busca se aprofundar em diversas temáticas de maneira simultânea. Nesse sentido, aborda desde a problemática envolvendo a aceitação da maternidade, como questões acerca da paranoia frente a um grande desastre sem causa discernível, ao menos no início.

Entende-se, contudo, que Caixa de Pássaros não consegue desenvolver nenhum de seus núcleos de forma satisfatória, o que acaba por impedir que o filme propicie o entretenimento/reflexão ao qual se propõe. Isto porque, uma vez que a transição entre presente e passado não ocorre organicamente, o ritmo da obra é afetado negativamente, e qualquer aprofundamento no tema em questão não acontece da maneira devida.

Ademais, tem-se consideráveis problemas no que diz respeito a da criação de tensão. Por mais que se trata de um longa pós-apocalíptico, não há qualquer resquício de aflição em tela, em ambos os períodos temporais. Existem cenas nas quais se espera tal resultado, mas a ausência de imersão da audiência na trama faz com que sejam mecânicas e pouco naturais.

À tais negativas, acrescenta-se a falta de individualidade por parte dos personagens. Extremamente genéricos e desinteressantes, de modo algum conseguem cativar o espectador. Ao mesmo tempo, isso impede que as relações interpessoais tenham peso e/ou significado, tornando, então, o diálogo desinteressante e sem inspiração.

Quanto à atuação, não é um ponto negativo da obra, mas, certamente, não chega a ser digno de elogios. Válido ressaltar, todavia, que nas cenas que se passam no presente, há pouco espaço para brilhantismo, sobretudo se considerarmos a limitação evidente do cenário. Dessa forma, por mais que Sandra Bullock seja uma atriz talentosa, o ambiente não é propício para um destaque nesse quesito.

Sendo assim, tem-se um thriller que não alcança aquilo que se espera de um filme do gênero. Desprovido de qualquer tensão, a narrativa falha, também, em imergir o espectador em suas diferentes temáticas, severamente prejudicadas pelo modo inorgânico pelo qual a história é transmitida. A mensagem que se busca transmitir, qualquer que seja, jamais chega ao destinatário. Aos insatisfeitos, sugere-se a leitura do livro que deu origem ao longa, uma vez que consegue, com maestria, ser bem sucedido naquilo que a adaptação não foi.