Crítica | Bloodshot (2020)

Nota do Filme:

Baseado em uma história em quadrinho de mesmo nome, da editora Valiant Comics, Bloodshot é protagonizado por Vin Diesel, que interpreta Ray Garrison, um soldado de elite recentemente morto em combate e ressuscitado por uma equipe de cientistas da empresa RST. Aprimorado com nanotecnologia, ele volta à vida com capacidade de força sobre-humana e cura instantânea. No entanto, não lembra nada do passado e ao recuperar as memórias percebe que não somente ele, mas sua esposa Gina (Talulah Riley) também foi assassinada, ambos por um homem chamado Martin Axe (Toby Kebbell).

Para se vingar, ele foge das instalações da RST em um carro até um hangar, onde pilota um avião atrás de Axe decidido a matá-lo. A aptidão para pilotar a aeronave é justificada pela tecnologia em seu corpo, porém nada se diz da facilidade de roubá-la. Com um exército de nanotecnologia nas suas veias, Ray é uma força irrefreável, que consegue naturalmente alcançar seus objetivos.

Ocorre que a história típica de vingança do herói contra o algoz de sua amada pode ser apenas algo implantado em sua mente controlada pelos cientistas da RST, que tem como chefe Dr. Emil Harting (Guy Pearce), a fim de possuir o domínio também de suas atitudes. De modo que ele precisa de ajuda na busca pela verdade. Esse amparo vem na forma de Wilfred Wigans (Lamorne Morris), um gênio de T.I., que é o alívio cômico que contribui com as melhores partes do filme. Não se pode deixar de dar mérito, também, a um momento com uma fumaça vermelha, que parece tirado de uma HQ, cena que funciona conferindo um tom artístico à obra.

O longa conta com uma passagem desnecessária de exposição de roteiro, que não só subjuga a inteligência do público, esclarecendo o óbvio, mas aponta para uma suposta rixa de um dos personagens, Jimmy Dalton (Sam Heughan), com o protagonista. Dalton narra para Garrison, desacordado, toda a experiência maléfica que estão realizando com ele, entretanto esse desprezo não se justifica, valendo apenas para fazê-lo de vilão e legitimar uma batalha “empolgante” entre ambos ao final. Com um extraordinário fator de cura, o protagonista é, praticamente, invencível, dificultando, assim, a empolgação nas lutas.

O roteiro parece mesmo desconfiar da capacidade do espectador de entender a trama, pois não somente expõe o teor principal como o repete incansavelmente. Uma questão que implica para uma narrativa inconcebível é o uso de uma tecnologia remota super avançada, a equipe na empresa consegue ver tudo que se passa em vários lugares e, ao mesmo tempo, com o uso de um simples pen drive, KT (Eiza González) entra facilmente na mente de Ray. Isso contribui para uma história confusa e sem veracidade.

Além da questão do controle da mente do ex-soldado com super força, o enredo não mostra muito mais. Não se fala nos motivos da empresa em manter uma arma humana, nem conta nada a respeito dos outros personagens, KT e Tibbs (Alex Hernandez), o que dificulta uma interação do público a eles. Um ponto curioso é a escassez de figurantes, em cenas longas na rua não se vê uma pessoa ao redor, sem contar que em um prédio com mais de 70 andares também não há ninguém fora os personagens principais e um punhado de gente.

A reviravolta é apressada, a trama é cansativa, as cenas de ação não animam, abusa de frases de efeito e de uma pretensa tecnologia avançada, com câmeras por todos os lados, além de contar com exposição de roteiro para validar uma disputa vazia entre personagens. A obra tem base na HQ homônima, mas também se ampara em outros filmes protagonizados por Diesel, e, ainda, remete, em alguns aspectos, às franquias Exterminador do Futuro e Robocop, mas não alcança o padrão destas.

Bloodshot estreia em 12 de março de 2020 nos cinemas.

Direção: David S. F. Wilson | Roteiro: Jeff Wadlow, Eric Heisserer |Ano: 2020 | Duração: 109 minutos | Elenco: Vin Diesel, Eiza González, Sam Heughan, Talulah Riley, Toby Kebbell, Guy Pearce, Lamorne Morris, Alex Hernandez, Jóhannes Haukur Jóhannesson, Tamer Burjaq.