Crítica | Blade Runner 2049 (2017)

Remakes, reboots e sequencias nunca foram novidade em Hollywood. Vira e mexe sempre tem-se uma nova versão ou uma continuação de algum filme. Porém existem alguns filmes que possuem status de intocáveis. Blade Runner era um desses. Uma obra que faz parte da cultura pop, referência no gênero, um marco do cinema.
Uma sequencia podia ser facilmente malvista, desnecessária, funcionando apenas como caça-níquel por qualquer coisa que estivesse na tela por duas horas. Felizmente, não é isso que acontece com Blade Runner 2049.

Os eventos do longa se dão 30 anos depois do filme original, aonde o policial K (Ryan Gosling) investiga um caso aonde ele descobre um fato que pode fazer com que a humanidade imploda. E para isso ele deve buscar respostas, o que acaba o levando a Deckard (Harrison Ford), um antigo caçador de androides.

A direção do filme é de Denis Villeneuve, que se provou novamente como um dos maiores diretores do momento. Depois de grandes obras em sua filmografia, como Arrival ou Incendies, o diretor consegue criar um filme que não compete com o longa de 1982 e sim uma continuação distinta e autentica, expandindo ainda mais o universo em que é a narrativa é passada. E ainda, sua técnica é capaz de construir momentos memoráveis, tomadas dramáticas impactantes, o que acaba por deixar sua marca no longa.

O roteiro do filme também complementa-se com a habilidade do diretor, afinal foi escrito por Hampton Fancher (autor do longa de 1982) e por Michael Green (Prometheus), aonde ocorre a expansão do universo de fato. Indo além do fator policial do longa original, BR 2049 toca em um ponto mais humanista, o existencialismo, o que faz o ser. Além disso, traz as nuances do preconceito contra os Replicantes, que inclusive sofrem discriminação por todos os humanos durante o filme.

A obra também não sofre em seu quesito técnico. Com uma estupenda direção de arte, aonde a construção dos cenários é quesito essencial de ambientação da historia, e uma fotografia merecedora de Oscar, adicionando cargas dramáticas a cena, construindo ápices magníficos. Sua trilha sonora, apesar de não ser a impressionante composição de Vangelis, Hans Zimmer e Benjamim Wallfisch não decepcionam, sempre mesclando as composições do maestro grego em diversos momentos do filme.

Em termos de atuação não há o que reclamar, Ryan Gosling está excelente como o policial K, demonstrando seus medos através de seus traços. Ford entrega uma otima performance em anos. Jared Leto mostra que o Coringa foi apenas uma mancha em sua carreira, sendo que aqui da a vida a Niander Wallace, o excêntrico com complexo de Deus. Ana de Armas da vida a Joi, uma espécie de sistema do filme “Her” bem mais avançado, o que acaba por ser outra critica do filme: a liquidez dos relacionamentos e do amor. Sylvia Hoeks personifica Luv, a replicante criada por Wallace que acaba por fazer parte da narrativa principal. Ainda tem-se Robin Wright e Dave Bautista para se destacar dentre esse elenco estelar.

Logo, Blade Runner 2049 é uma continuação que faz a sua função: expandir o universo criado sem menosprezar os elementos anteriores. Repleto de referencias do longa de 1982, sem este precisar ser obrigatório para ver o de 2017, é um prato cheio para os fãs do gênero e para os mais aficionados pelo universo dos Replicantes. Um dos grandes filmes do ano, uma continuação estupenda e talvez um clássico da ficção científica e do Cyberpunk em alguns anos.