Crítica | As Ineses (Las Ineses) [2016]

Nota do Filme:

O longa argentino As Ineses (Las Ineses) se passa nos anos 80 e retrata a história de Carmen (Brenda Gandini) e Rosa (Valentina Bassi), vizinhas muito próximas que estão simultaneamente grávidas. Chega o tão esperado dia do parto. As duas, acompanhada dos maridos Pedro (Luciano Cáceres) e Ramón (André Ramiro), dão entrada no hospital. Tudo dá certo até o momento em que Pedro aponta para Carmen que a filha, recém-nascida, não se parece tanto com eles e que poderia ser o neném de outra pessoa. Já Rosa, insiste que a criança em seus braços é realmente dela. Para solucionar essa dúvida, as duas famílias batem na porta do médico que fez o procedimento, porém o mesmo sofreu um trágico acidente de carro. Por causa desse alvoroço, eles decidem colocar o nome das filhas de Inês.

Este é o segundo longa escrito e dirigido por Pablo José Meza (Buenos Aires 100 KM). É possível notar forte amadorismo do seu trabalho final, começando pelo roteiro feito à base de novelas mexicanas ruins. O filme não consegue estabelecer uma química entre os personagens – por sinal, quase todos caricatos – pois os diálogos são corridos e feito sem qualquer verdade, o sentimento é de constante desconforto quando os atores contracenam. Além disso,  há inúmeras reviravoltas que tentam trazer de volta a atenção do espectador, pistas de possíveis traições, troca real das meninas e e brigas da familiares, porém, nada disso é o suficiente.

Carmen e Pedro são claros exemplos da família tradicional do século XX: ela cozinha, limpa a casa e toma conta das crianças enquanto o marido trabalha e assiste futebol a noite. O mesmo vale para o casal Ramon e Rosa. Porém ele é negro e a filha nasce muito branca, o que gera uma certa dúvida pela mãe de Carmen (Maria Leal), que é muito intrometida e resolve investigar a respeito. Esse arco poderia ser melhor desenvolvido, mas o diretor opta por facilitações narrativas e conclui da maneira mais prática e preguiçosa possível.

O terceiro ato, que mostra as duas Ineses com faixa-etária por volta dos dez anos demonstra certa melhoria de ritmo, pois apresenta o cotidiano das duas em casa e na escola com os amigos. Esse elemento poderia ter sido mais explorado por José Meza que não se decide entre abordar sobre o vínculo das meninas ou as intrigas entre as famílias. Faltou um cuidado maior do roteiro.

Tratando-se de um longa do gênero comédia, As Ineses falha em praticamente todos os aspectos durante os 74 longos minutos de projeção. O humor é totalmente fora do tom, o elenco é caricato, as “twists” são óbvias e desrespeita totalmente a inteligência do espectador em busca de, no mínimo, boas risadas.