Crítica | Antrum – O filme mais mortal já feito (2018)

Nota do filme:

Antrum consegue empregar de forma impressionante todo o poder do horror que filmes do gênero found footage e psicológico pode proporcionar. O longa é brilhante na construção do suspense e da tensão, desenvolvendo uma experiência desesperadora sem empregar efeitos especiais caríssimos. Entretanto, a obra pode acabar chegando a um platô na medida em que o telespectador se apercebe da estratégia narrativa.

Para encontrar seu cachorro nas profundezas do inferno, um casal de irmãos encara uma aventura singular em uma floresta. Sim, esse é o enredo de Antrum, mas não se engane com o que pode parecer um enredo raso e infértil. O filme consegue trabalhar horrores com o que pode parecer pouca coisa.

O longa trabalha com a metalinguística a partir do momento que o telespectador está assistindo uma cópia proibida de um filme com um passado de mortes e de loucura. No início do trama há a introdução sobre o que o filme se trata, empregando inclusive o discurso de especialistas sobre o tema.

Antrum é valioso porque ele trabalha com os detalhes, o filme dedica uma parte significativa em desenvolver toda uma narrativa ao redor de trazer o máximo de verossimilidade a ideia de que o telespectador está vendo um filme que pode causar sua morte. A trilha sonora empregada é impressionante, e a fotografia de documentário dos anos 70 auxilia na ambientação.

Antrum possui aliás certas cenas que podem ter sofrido influência do gênero trash, mas elas não são dominantes durante toda a produção e definitivamente ajudaram no alívio cômico.

Apesar do filme ter surpreendido por sua ousadia em relação a repetitivos enredos dos filmes de Found Footage, a obra possui certas deficiências e desafios. O esforço em se apoiar no gênero pode tornar a execução tediosa na medida em que o telespectador já está satisfeito com a estratégia de terror psicológico empregada. Ademais, um telespectador mais cético terá bastante dificuldade de assistir o filme em sua completude.

O filme é um divisor de águas: aqueles que se deixarem levar pela experiência proporcionadas pelos diretores e roteiristas  David Amito e Michael Laicini poderão aproveitar uma obra bastante original e bem executada. O que se pode dizer de Antrum é que ele pode ser uma aquisição muito rica para o gênero found footage.