Harry Potter foi o suficiente para consagrar a escritora J.K Rowling no mundo literário como uma das maiores escritoras do século XXI. Sua criação de um mundo bruxo é perfeita, o que fez de Harry Potter não apenas um sucesso literário como um sucesso cinematográfico. Esse universo rico gerou oito filmes com bilheterias excepcionais, fãs apaixonados e vários personagens inesquecíveis. Com o desfecho da história de Harry Potter, logo a Warner encontrou uma forma de continuar lucrando com uma de suas principais franquias e foi através do pequeníssimo livro Animais Fantásticos e Onde Habitam que a produtora encontrou uma forma de continuar lucrando com esse universo.
J.K Rowling que nunca trabalhou antes na vida como roteirista se viu nesse primeiro filme com a missão de trabalhar no roteiro do filme. O primeiro filme conta com um belíssimo design de produção e fotografia. Esse encantamento do primeiro filme é repetido nesse segundo filme, o que é compreendido de forma perfeita pela direção de David Yates, embora o roteiro aqui, dessa vez, seja extremamente confuso e complexo. O que faz de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald um filme cansativo, complexo e confuso.
A narrativa inicia com Gellert Grindelwald (Johnny Depp) preso e prestes a ser transportado dos Estados Unidos para a Europa. Após a destruição de Nova York, Newt Scamander (Eddie Redmayne) continua impossibilitado de viajar, embora continue a ser convidado a se meter em situações perigosas utilizando suas criaturas para encontrar a verdade.
Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald também trás de volta o elenco do primeiro filme. O casal Jacob (Dan Fogler) e Queenie (Alison Sudol), a auror Tina (Katherine Waterson) e Creedence (Ezra Miller). O Filme é rodeado de easter eggs que, com certeza, agradará os fãs. Desde a origem da Nagini (a cobra do Voldemort) até uma simples aparição – extremamente confusa, eu diria – da professora Minerva em Hogwarts.
O problema principal de Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald são as voltas e monólogos extremamente cansativos que o roteiro proporciona para solucionar os conflitos do filme. Inclusive, além de cansativo, confuso e complexo, o roteiro propõe soluções vazias, confusas e na maioria das vezes de forma jogada. A conclusão que eu tive ao ver o filme… foi que a J.K como escritora é maravilhosa, como roteirista precisa aprender muito ainda. É muita informação jogada para um desfecho irrisório. O arco da família Lestrange, que só por ser a família da Belatriz deveria ter um peso muito grande no filme, acaba sendo um arco superficial e inútil – no verdadeiro sentido da palavra mesmo -. Isso chateia um fã, como eu por exemplo. Principalmente quando você ver alguns erros temporais e se pergunta como que a J.K permitiu isso. Mas o filme também será extremamente confuso para quem não tem contato com os livros ou apenas conhece o universo através dos filmes, para esse tipo de telespectador a confusão criada pelo roteiro será ainda maior.
O Roteiro é confuso. Isso é um fato. Mas o filme é um espetáculo visual. A direção de David Yates compreende perfeitamente a importância da fotografia e do design de produção desse filme e novamente arrebenta nesse quesito. O forte elenco também mostra sinais claros de qualidade. Jude Law interpreta um Dumbledore jovem perfeito e Johnny Depp rouba a cena com seu Grindelwald.
Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald é um filme que se perde na essência de querer explicar demais, com muitos detalhes cansativos e confusos. Embora a sua cena final seja avassaladora a ponto de destruir qualquer tipo de fã – o que com certeza enlouquecerá suas cabeças -, faltou saber dosar os momentos e as nuances da história e deixar de perder tempo com coisas supérfluas como por exemplo: O mundo bruxo desabando em guerra e o Newt parar para discutir o relacionamento dele com a Tina. Infelizmente isso atrapalhou um pouco a qualidade do filme, mas não o encanto que essa franquia ainda causa e pode causar (tendo visto que a cena final levará aos próximos filmes da série a outro patamar).
Ama o cinema desde que era uma criança quando, ao brincar com seus gibis da Turma da Mônica, os imaginava como se fossem pequenas fitas VHS de uma locadora de vídeo.
Correspondente das Cabines de Imprensa de Recife-PE.