Crítica | Abracadabra 2 (Hocus Pocus 2) [2022]

Nota do Filme:

As irmãs Sanderson voltaram! Dessa vez mais malvadas, vingativas e, óbvio, engraçadas. 29 anos depois do sucesso do filme dirigido pelo incrível Kenny Ortega (que mais tarde entregou ao mundo High School Musical, até hoje o maior acontecimento do canal Disney Channel), estreia Abracadabra 2, que marca o retorno das três bruxas à cidade de Salem para mais uma noite de Halloween. Agora com Anne Fletcher à frente da direção, é uma grata surpresa ver que o longa não só abraça a nostalgia de seu antecessor, como também o reverencia e respeita uma história cujo legado vem sendo cultuado por fãs de várias gerações.

Em Abracadabra 2, acompanhamos Becca (Whitney Peak), uma adolescente que mora em Salem e completa seus 16 anos no dia de Halloween. Todo ano, ela e suas amigas Izzy (Belissa Escobedo) e Cassie (Lilia Buckingham) costumam fazer um ritual durante esta noite. O grande problema é que, acidentalmente, elas ressuscitam Winifred (Bette Miller), Sarah (Sarah Jessica Parker) e Mary (Kathy Najimy) Sanderson, agora dispostas a se vingarem do descendente do reverendo que as expulsou da cidade quando as três ainda eram adolescentes.

A direção de Anne Fletcher foi bem-sucedida ao manter a atmosfera divertida do filme 1993, porém sem precisar se prender a ela, renovando as piadas que deram certo lá atrás e trazendo uma dinamicidade que encontramos com facilidade nas comédias de hoje. São atualizações importantes para cativar um novo público, mas que, sem dúvidas, funciona muito mais por causa do carisma da história e de suas protagonistas. Infelizmente, é apenas por isso que se torna perdoável ver Abracadabra 2 se apoiar tanto em piadas sobre o choque de pessoas que viveram em outra época se deparando com a tecnologia atual. É uma muleta bastante clichê, mas que deixamos passar porque as protagonistas estão um espetáculo.

Whitney Peak e Belissa Escobedo em cena de Abracadabra 2.

É bom ver Bette Miller e companhia de volta aos papéis adorados pelo público e que as projetaram tanto dentro da indústria. As manias e bizarrices das irmãs Sanderson foram mantidas pelo roteiro e, para o fã, é delicioso ver que a dinâmica continua tão característica e atual quanto há 29 anos atrás. Todas as três conseguem trazer suas personagens de volta como se não houvesse passado um dia sequer e é divertidíssimo vê-las de novo. Além de uma sequência inicial que mostra as irmãs sendo expulsas de Salem ainda jovens e Winifred recebendo pela primeira vez seus poderes de bruxa, Abracadabra 2 não se preocupa em expandir muito o universo das personagens. Até ameaça um possível conflito entre as irmãs aos 45 do segundo tempo, mas desiste da ideia (essa ponta solta é impossível não ignorar).

Além das irmãs Sanderson, outro personagem que retorna é Billy Butcherson (Doug Jones), o zumbi ex-namorado de Winifred, que recebe mais espaço do que no filme anterior e está ainda mais divertido. É interessante também ver o paralelo entre Becca, Izzy e Cassie e o clássico trio de bruxas. O roteiro consegue dar a importância devida a cada um dos núcleos, acrescentando uma diversidade muito bem-vinda e dando ênfase à amizade entre elas, que se prova uma temática até mais interessante que a do primeiro filme. Em meio a essa tendência da Disney de atualizar grandes clássicos e inventar franquias sem brilho e coração, este é um exemplo de como a nostalgia pode ter como propósito não só formar uma nova base de fãs, mas homenagear com afeto e respeito.

É preciso dizer que, não tem jeito, os números musicais dirigidos por Kenny Ortega são muito mais divertidos e vistosos, além de que faz falta a magia tão palpável dos efeitos práticos, mas nada que impeça o espectador de embarcar na história e se deixar encantar. Abracadabra 2, que estreou no Disney+ na última sexta-feira (30/09), é uma ótima pedida para começar a entrar em clima de Halloween. Os antigos fãs certamente vão festejar a volta das irmãs Sanderson e um novo público vai poder conhecer e se encantar por essas personagens tão carismáticas.