Crítica | A Luz no Fim do Mundo (Light of My Life) [2019]

Nota do filme:

Apesar de ter uma temática parecida com os filmes de futuro distópico mais recentes, como Bird Box (2018) e Um Lugar Silencioso (2018), A Luz no Fim do Mundo é muito mais sobre a jornada e o amadurecimento de duas pessoas que cresceram em realidades totalmente diferentes; um pai e sua filha. O longa mostra a jornada dos dois para sobreviver em um futuro onde não existem mulheres. 

Cerca de dez anos após uma epidemia que dizimou grande parte da população feminina, Rag (Anna Pniowsky) é uma das poucas mulheres que sobreviveram. O pai (Casey Affleck) tenta proteger a filha em um mundo dominado por homens. Ela tem apenas 12 anos e precisa atender e se vestir como um garoto. Conforme a menina cresce e se torna adolescente, fica cada vez mais difícil esconder o sexo. 

Mesmo com cenas que envolvem ação e suspense, A Luz no Fim do Mundo passa longe desses gêneros. O filme tem uma atmosfera mais cult e explora bastante os diálogos entre pai e filha. Não há nada explícito sobre as causas da epidemia, a narrativa se divide em pequenos flashbacks que não tem a intenção de fazer um comparativo entre passado e futuro, e sim apresentar melhor os personagens. Assim, o roteiro acaba por fazer críticas acerca de gênero, relações familiares ou o potencial violento intrínseco aos seres humanos. 

O ritmo da história é lento, as vezes repetitivo, mas deixa bem claro que tudo que os personagens têm é a expectativa de sobreviver. Não há um perigo mais iminente do que as próprias pessoas. Algumas mulheres sobrevivem à praga, mas se tornam escravas sexuais enquanto outras vivem isoladas em uma espécie de abrigo. Por isso, Rag e o pai precisam encontrar equilíbrio entre ter uma vida normal e se manter seguros.

O filme também foi escrito e dirigido por Casey Affleck, vale lembrar que ele ganhou o Oscar pela atuação monstruosa em Manchester à Beira-Mar (2016) e também escreveu e dirigiu o drama Eu Ainda Estou Aqui (2010). Em A Luz no Fim do Mundo, a atuação de Anna Pniowsky em sintonia com Affleck, deixa as densas cenas de diálogo mais realistas. O senso de humor e o carisma dos dois dão um toque de alívio entre os momentos mais pesados. Sem efeitos especiais ou qualquer extravagância, a fotografia explora mais os elementos da paisagem natural e cativa pela beleza.  O longa parece uma história de origem, isso porque mesmo com ritmo lento, deixa um gosto de “quero mais”.