Crítica | A Favorita (The Favorite) [2018]

Nota do filme:

Yorgos Lanthimos já havia demonstrado seu talento em obras como O Lagosta (2005) e O Sacrifício do Cervo Sagrado (2017), agora em A Favorita, ele consegue criar uma maravilhosa sátira sobre a realeza, fazendo uso de todo cinismo possível para contar um elaborado jogo de xadrez entre três mulheres na Inglaterra do século XVIII.

O filme conta a história da rainha Anne (Olivia Colman) que, apesar de suas fraquezas e doenças adquiridas por seus distúrbios alimentares, tem em Lady Sarah (Rachel Weisz) sua grande amiga e confidente. As duas se conhecem desde a infância, mas Sarah se utiliza disso para conseguir seus objetivos, manipulando e induzindo as decisões da Rainha. Sarah logo vê essa amizade ficar ameaçada quando sua prima Abigail (Emma Stone), com todo seu carisma, consegue conquistar o carinho e, também, a amizade da rainha, o que causa ciúmes profundos em Sarah. O decorrer disso gera situações inusitadas e uma sucessão de acontecimentos absurdos.

“Ainda bem que deram oportunidade para a Olívia Colman: Que atriz.”

Por se tratar de um filme onde o plano central da história é o relacionamento entre as personagens, podemos destacar que a presença feminina é o maior destaque da trama. Embora a rainha tenha seus problemas de saúde e faça parte da realeza, Lanthimos faz questão de mostrar suas fraquezas, onde nos deparamos com uma Anne sempre carente, assustada com a sua posição de poder – o que é absurdamente bem interpretado por Colman. Já Sarah é uma mulher forte que, apesar da dor, soube amadurecer e conviver com os ensinamentos da vida. Abigail é a moça jovial, ainda inocente, mas que se transforma numa pessoa extremamente manipuladora e fria. Aqui podemos definir que temos 3 tipos de processo no roteiro: Demonstrar o lado frágil da rainha, destacar toda bajulação e manipulação criada entre a realeza – isso pode ser visto nas cenas em que o sexo se torna forçado de forma para agradar a rainha -, e claro, o centro da personagem de Emma Stone: seu processo de amadurecimento. Tocando no ponto de que apesar de parecermos inocentes, podemos nos tornar pessoas extremamente ruins se formos ambiciosos.

Apesar do jogo de xadrez ser o elemento que faz o roteiro do filme funcionar, Lanthimos é competente na medida em que não sustenta o filme apenas com isso. Elementos são criados em torno da obra, que funcionam e prendem completamente o telespectador.

Um deles é a trilha sonora, composta por únicas notas de piano, que são fundamentais para cenas onde o suspense faz parte da trama. Uma delas é a brilhante cena em que Abigail flagra uma relação homoafetiva entre a rainha e sua prima Sarah. A direção do grego realmente está excelente nesse filme, destaca-se não apenas a qualidade dos enquadramentos, como a ótima direção de atores, conseguindo extrair o máximo desempenho das três atrizes – que fazem justiça às indicações ao Oscar.

O design de produção e também o figurino do filme estão impecáveis. Além é claro, da maquiagem. O que faz de A Favorita um filme completo, o que fundamenta suas 10 indicações ao Oscar.

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