Nota do filme:
A Batalha das Correntes não tem a pretensão de ser um filme biográfico sobre Thomas Edison. Apesar disso, o inventor interpretado por Benedict Cumberbatch é o protagonista da história, cujo enredo é baseado na disputa pela corrente elétrica que será um usada para iluminar cidade de Chicago.
Chegando aos cinemas em 2019, o longa foi exibido pela primeira vez no Festival Internacional de Toronto em 2017. Na ocasião, o filme não foi muito bem recebido pela crítica, o que resultou em várias alterações, entre elas dez minutos a menos na duração. A experiência, portanto, é visualmente apressada: cortes bruscos e sem sentido prejudicam a concentração de quem assiste.
Por outro lado, o elenco de peso sustenta a veracidade da narrativa. Cumberbatch, o Doutor Estranho (2016) e Alex Turner em O Jogo da Imitação (2014), encarna mais uma vez um protagonista singular. Mas, acaba não encontrando espaço para desenvolver uma figura tão única como Thomas Edison, sendo interrompido pelos cortes abruptos entre as cenas, que o impedem de transmitir alguma emoção. Quem também aparece por aqui é Tom Holland, o Homem-Aranha, fazendo papel de Samuel Insull, assistente de Edison. Mesmo assumindo o sotaque inglês, o que mais causa estranheza é ver o ator com um bigode robusto, porém, nem o bigode exagerado esconde o Peter Parker que existe no garoto. A relação entre Edison e o assistente é um ponto forte do filme, assim como com seus familiares. Mesmo sendo pouco trabalhado, o lado humano do inventor é cativante e equilibra com o outro lado um tanto quanto arrogante.
A truculência de Thomas Edison se atém ao seu arqui-inimigo, o empresário George Westinghouse (Michael Shannon) e ao também inventor Nikola Tesla (Nicholas Hoult). Nesse arco da narrativa os diálogos são menos apressados e ainda sobra espaço para um deslumbre visual da prematura energia elétrica que invade a cidade. Graças aos planos cinematográficos criativos do diretor Alfonso Gomez-Rejon, a rivalidade entre o inventor e o empresário fica ainda mais evidente. Ele consegue aumentar a tensão das cenas através de sutilezas como a fumaça de um cigarro ou o tic-tac do relógio. Os dois lados da história, portanto, acabam não encaixando bem. O círculo familiar, a condição de saúde da esposa e o crescimento dos filhos é apressado demais. Em contrapartida, a vida de Thomas Edison como inventor e o cenário social e político do século XIX enriquecem o roteiro. Longe de ser como outros filmes com sobre gênios como Estrelas Além do Tempo (2017), A Teoria de Tudo (2015) ou Uma Mente Brilhante (2002), A Batalha das Correntes se fortalece mais por ser um filme de época do que por retratar grandes inventores e descobertas.