Devido a situação política do país, o México teve um inicio conturbado em sua indústria cinematográfica. Por conta da ditadura de Porfirio Diaz, que durou até 1911, o cinema dos anos 20 foi pouco produtivo, porém isso foi compensado nos anos 30 e potencializado nos anos 40.
Foi nessa década que o México se tornou um polo cinematográfico, revelando nomes como Luís Buñuel, diretor surrealista que fez filmes como “O Anjo Exterminador” de 1962 e como Emilio Fernandez, que com “Maria Candelária” (1944) ganhou o Grand Prix do Festival de Cannes em 46, na primeira edição do evento.
Apesar da era descrita ser considerada a “Era de Ouro”, possivelmente o melhor momento do cinema mexicano seja o atual. Nomes como Alejandro Gonzalez Iñarritu e Alfonso Cuáron, vem trazendo um cinema de técnica requintada, ganhando prêmios – ambos venceram o Oscar de Melhor Diretor – e inovando nas filmagens, um exemplo disso é “Birdman” (2014) de Iñarritu, todo filmado em plano sequência.
Alguns filmes fizeram barulho em grandes festivais, como Cannes, esse foi o caso de “Depois de Lúcia” de 2011. Dirigido por Michel Franco, ganhou o principal prêmio da mostra Un Certain Regard daquele ano. A obra conta a história de uma menina, que após transar com um rapaz, descobre que ele filmou o momento e mandou isso para a escola toda.
Como parte da série especial Cinematologia para a Copa do Mundo 2018, segue a indicação de 4 filmes mexicanos, que farão o público conhecer e se apaixonar pelo país.
Amores Brutos. Dir: Alejandro Gonzalez Iñarritu. 2003
A obra conta a história de Octavio, interpretado por Gael Garcia Bernal, quando este decide fugir com a mulher de seu irmão. Para isso, ele usa seu cão Cofi, o envolvendo em lutas clandestinas e ganhando dinheiro com elas. Ao mesmo tempo, um homem abandona sua esposa para viver com a amante e um ex-guerrilheiro comunista passa a ser matador de aluguel. O que todas essas pessoas têm em comum? Elas se envolveram em um acidente de carro de grandes proporções.
Primeiro longa-metragem de Iñarritu, esse filme mostra traços do estilo que iriam se manter com o passar do tempo, como as várias histórias interligadas, o estilo mais fluido de usar a câmera e as atuações de um elenco forte, que potencializa os sentimentos sem parecer forçado.
E sua mãe também. Dir: Alfonso Cuáron. 2001
Talvez um dos melhores filmes sobre descobertas e maturidade, essa obra conta a história de dois amigos, Tenoch, interpretado por Diego Luna e Julio, representado por Gael Garcia Bernal. Dois jovens, loucos para se tornarem adultos, conhecem uma mulher 11 anos mais velha e os três passam a ter um relacionamento, que culmina em uma viagem.
O quarto filme dirigido por Cuáron, que depois dirigiu o terceiro filme da saga Harry Potter e os seus dois grandes sucessos, “Filhos da Esperança” de 2006 e “Gravidade” de 2013. Este último lhe rendeu o Oscar de Melhor Diretor.
Luz depois das Trevas. Dir: Carlos Reygadas. 2012
Possivelmente, essa obra dirigida por Carlos Reygadas é um dos filmes que melhor usa o conceito de flashforwards (o oposto de flashbacks), pois ao contar a história de uma família, a projeção quebra os paradigmas de tempo. Juan e Natalia, um casal com dois filhos pequenos, são os personagens principais de um trabalho que mostra como a vida pode ser cruel, mesmo que as pessoas lutem para que ela seja boa.
Vencedor do prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes de 2012, Reygadas tem uma direção elegante, usando elementos experimentais interessantes e com influências do diretor Leos Carax (de “Holy Motors”) principalmente no que diz respeito ao aspecto filosófico da obra.
Heli. Dir: Amat Escalante. 2013
Uma obra tão seca e difícil quanto o clima da pequena vila mexicana onde ela se passa, Estela namora Alberto, um recruta da polícia especial, esse a pede em casamento e para conseguir o dinheiro para a cerimônia, rouba cocaína e a esconde na casa dela, porém, é por isso que os problemas começam para Heli, irmão mais velho da moça e sua mulher e filho.
Vencedor do prêmio de melhor diretor no Festival de Cannes de 2012, Amat Escalante traz um trabalho coeso, que condiz com a história do filme e principalmente com a estrutura adotada no decorrer da projeção, principalmente no uso da cena inicial do filme, que mantem o suspense no público até determinado momento.
Formado em Jornalismo e apaixonado por cinema desde pequeno, decido fazer dele uma profissão quando assisti pela primeira vez a trilogia “O Poderoso Chefão” do Coppola. Meu diretor preferido é Ingmar Bergman, minhas críticas saem regularmente aqui e no assimfalouvictor.com