Cinematologia na Copa – Inglaterra

Tudo começou em Leeds, na Inglaterra. Antes mesmo dos irmãos Lumiére, em 1895, patentearem o cinematógrafo e serem considerados os pais da cinematografia, em 1888 Louis Le Prince, um francês que vivia em terras britânicas, utilizando um dispositivo de lente única, combinou uma câmera cinematográfica com um projetor. Em 14 de outubro de 1888, Le Prince utilizou uma versão atualizada de sua câmera de lente única para filmar Roundhay Garden Scene.

Na provável primeira sequência de imagens em movimento a ser filmada na história, aparecem membros da família do diretor: seu filho, a sogra, o sogro e uma moça chamada Harriet Hartley, no jardim de uma casa, andando e rindo. O filme tem cerca de 2 segundos e vocês podem conferir abaixo:

Depois, Le Prince usou a patente para filmar os bondes elétricos, os puxados a cavalo e os pedestres em Traffic Crossing Leeds Bridge. Estas fotos foram logo projetadas em uma tela em Leeds, Inglaterra, se tornando as primeiras exposições de movimento.

A história do cinema inglês e do cinema britânico é indissociável, então, para fins práticos, tratemos de ambos em conjunto, mas destacamos apenas personalidades inglesas ou que tiveram a maior parte de sua obra produzida na Inglaterra.

O Reino Unido manteve seu pioneirismo e, em 1899, o inventor Edward Raymond Turner desenvolveu os primeiros filmes em cores, que patenteou um processo de imagem em movimento aditivo de 3 cores. O mais antigo filme e remete a 1902.

1889 foi um grande ano para a história do cinema, além da criação supracitada, este é o ano de nascimento de uma das figuras mais emblemáticas do cinema inglês e mundial: Charles Chaplin.

Charles Chaplin descaracterizado.

Chaplin fez seu nome no cinema com sua personagem emblemática no curta metragem The Little Tramp. Assim, nasceu um dos mais icônicos personagens da história do cinema, que ultrapassou a imagem de seu criador. Carlitos consiste em um andarilho pobre que possui todas as maneiras refinadas de um gentleman.  Uma representação da classe trabalhadora de sua época, protagonizou grandes filmes como Tempos Modernos (1936) e O Grande Ditador (1940). Naquele, o personagem tenta sobreviver ao mundo moderno industrializado e neste, o personagem satiriza o nazismo e o fascismo.

Charles Chaplin caracterizado de seu mais famosos personagem The Tramp, conhecido como Charlot na Europa e igualmente conhecido como Carlitos ou O Vagabundo, no Brasil.

Chaplin escreveu, dirigiu, produziu, editou, estrelou e compôs a música da maioria de seus filmes. Sua carreira durou mais de 75 anos e continuou até um ano antes de sua morte, aos 88 anos, no final de 1970.

A década de 30 marcou o surgimento do Mestre do Suspense, Alfred Hitchcock. Seu Chantagem e Confissão (1929) é frequentemente considerado como a primeira apresentação com som britânica pelos historiadores. Os 39 Degraus (1935) e A Dama Oculta (1938) marcam o melhor de sua fase britânica e estão classificados entre os melhores filmes britânicos do século XX, de acordo com o British Film Institute. 

O Mestre do Suspense, Alfred Hitchcok.

Depois, ganhando reconhecimento internacional Hitchcock foi para Hollywood, onde produziu seus maiores clássicos. Dentre eles, Janela Indiscreta (1954), Psicose (1960), Os Pássaros (1963)

Cena de O Festim Diabólico (1948), outro clássico do Mestre, filmado todo em plano sequência.

O estilo “hitchcockiano” inclui o movimento de câmera para emular o olhar de uma pessoa, tornando os espectadores em voyeurs, e concebendo planos para crias ansiedade e medo, além de sua habilidade de usar o suspense a partir de tramas plausíveis explorando psicologicamente os temores humanos. 

Na década de 1930, duas outras entidades valiosas floresceram na indústria do país: o British Film Institute e o National Film Archives. Atualmente, elas mantêm e desenvolvem uma biblioteca de filmes não exclusivamente composta por filmes britânicos. Essas instituições são responsáveis por também restaurar impressões danificadas.

Durante a Segunda Guerra, o cinema britânico concentrou seus esforços em documentários, embora as produções tenham sido menos numerosas do que nos anos anteriores. Durante esses anos, Humphrey Jennings começou sua série distinta de documentários, incluindo London Can Take It! (1940), sobre a Blitz de Londres.

Cena de London Can Take It! (1940)

Depois da guerra, uma nova abordagem do cinema surgiu graças a jovens diretores como David Lean. Lean foi uma das figuras mais importantes do cinema britânico trabalhando como diretor de cinema, produtor, roteirista e editor. Entre suas produções mais famosas como diretor estão Oliver Twist (1948), Ponte Sobre o River Kwai (1957) e Lawrence da Arábia (1962). Por esses dois últimos, ganhou o Oscar de Melhor Diretor, tendo sido indicado mais cinco vezes.

As produções britânicas começaram a se concentrar nas comédias populares, dramas da Segunda Guerra Mundial e alguns filmes de terror, durante a década de 50. As produções traziam realismo social. Esta onda, que começou no final dos anos 50 e durou quatro anos, foi normalmente protagonizada por jovens revoltados. Entre os filmes mais populares da década estavam Drácula (1958), Um Gosto de Mel (1961) e Meu Passado Me Condena (1961).

Christopher Lee como Conde Drácula.

Os produtores americanos se interessaram novamente pelo cinema britânico durante essa década, e filmes que combinavam sexo com lugares exóticos, violência ocasional e humor autorreferencial foram um sucesso estrondoso. Os filmes de James Bond, estrelados por Sean Connery, que se transformaram em grandes sucessos em todo o mundo, são exemplos perfeitos disso.

A década também foi marcada pela mudança contínua de diretores americanos para a Grã-Bretanha, como o grande Stanley Kubrick. Durante essa década, quatro dos vencedores do Oscar de Melhor Filme foram produções britânicas, incluindo seis prêmios para o musical Oliver! (1968).

A partir dos anos 70, a mão de ferro, que marcou o governo britânico após a 2ª Guerra, começou a afrouxar, dando espaço para novas e controversas histórias. Exemplos perfeitos incluem clássicos cult como o Os Demônios de Ken Russell (1970), Sob o Domínio do Medo de Sam Peckinpah (1971) e Laranja Mecânica de Stanley Kubrick (1971).

Neste momento, as produções britânicas despontaram, um grande exemplo desse sucesso foi o grupo cômico Monty Python, que obteve sucesso comercial massivo com Monty Python Em Busca do Cálice Sagrado (1975) e Monty Python: A Vida de Brian (1979).

Grupo de comédia Monty Pynthon

Após uma queda brusca do cinema em 1980, canais nacionais aumentaram esforços em produções britânicas o que criou entusiasmo cinematográfico numa nova geração. Geração da qual saiu o grande Ridley Scott e atores como Gary Oldman, Colin Firth, Tim Roth e Rupert Everett, que rapidamente ganharam reconhecimento internacional.

Cena de Harry Potter e A Pedra Filosofal (2001)

O fim da década de 90 e início dos anos 2000 foram marcados pelo sucesso internacional de comédias românticas como Quatro Casamentos e um Funeral de Richard Curtis, De Caso com o Acaso (1998), Um Lugar Chamado Notting Hill (1999) e O Diário de Bridget Jones (2001). E também de filmes independentes como Transpotting (1996). Durante os anos 2000, cinema inglês manteve uma competição equilibrada com o cinema Hollywoodiano durante a saga Harry Potter.

Hoje, o cinema inglês é altamente comercializado por todo o globo, especialmente no Brasil.