Cadê Você, Bernadette? (Where’d you go Bernadette?) [2019] | Crítica

Nota do filme:

Cadê Você, Bernadette? é um filme sensível e inspirador, baseado no best-seller da escritora americana Maria Semple. Conta a história de Bernadette Fox (Cate Blanchett), uma mulher que abriu mão da profissão  para realizar o sonho de ser mãe. No longa, quem narra os acontecimentos é justamente a filha de Bernadette, Bee (Emma Nelson). O pai é interpretado por Billy Crudup e a família mora no subúrbio, em um bairro conservador e relativamente tranquilo. 

Cate Blanchett está maravilhosa e impecável como sempre no papel de arquiteta quase frustrada. Ela consegue expressar bem a insatisfação da personagem sem deixá-la melancólica. A personalidade de Bernadette não é “difícil”, “forte” ou algum desses eufemismos que se usa para pessoas chatas. Ela é única, irreverente, sarcástica e provoca inveja na vizinhança local por já ter sido famosa com uma carreira de sucesso e casada com um gênio da computação. Todos esses méritos, porém, são banais para Bernadette, por isso ela tenta esquecer o passado, não gosta de sair de casa e muito menos de lidar com pessoas, exceto a filha e o marido. 

Richard Linklater, o diretor do longa, sabe bem contar uma história de amor fraternal. Foi ele quem dirigiu Boyhood, aquele que ganhou vários prêmios em 2015 e demorou 12 anos para ser filmado. Antes da Meia-Noite (2013), Escola de Rock (2003) e Jovens, Loucos e Rebeldes (1993) também fazem parte da sua filmografia, entre outros filmes e documentários. Em Cadê Você, Bernadette? não há muita novidade no sentido cinematográfico. O longa não é do tipo interpretativo e, de forma bem literal, passa uma mensagem simples e valiosa.

Além de Cate Blanchett, a atuação de Emma Nelson, a filha e narradora da história, também é uma atração à parte. A menina usa óculos de grau, é inteligente, valente e indestrutível; parece mesmo ter sido tirada de um livro, e isso é bom. Porém, quem fica ofuscado no meio de tanto talento é Crudup, o pai. As cenas mais dramáticas acabam parecendo forçadas por parte dele e isso enfraquece um pouco a trama, mas não chega a torná-la ruim. 

O ponto de virada do filme acontece quando Bernadette, em um momento de crise na família, foge de casa e embarca em uma aventura no Alasca. Lá, ela precisa lidar com seus maiores medos, no estilo Walter Mitty. Assim, o clima sufocante do subúrbio  dá lugar a uma paisagem natural que cria uma nova atmosfera no longa, abrindo caminho para o final impecável. E é de forma simples, como uma boa comédia dramática , que a história se torna divertida e comovente.