Crítica | A Menina e o Leão (Mia and the White Lion) [2019]

Nota do filme:

A Menina e o Leão (2019) é sobre a improvável amizade entre uma jovem e um animal selvagem que cresceram juntos. Apesar de o filme ser uma aventura infanto-juvenil, o assunto pelo qual a narrativa se desenrola é delicado. Mia, a protagonista, tem pela frente o desafio de encarar a ganância do mercado da caça aos animais na África do Sul. A história, contada sob a sua perspectiva, mostra a luta para realizar os próprios sonhos e defender aquilo que se acredita. Cativante e emocionante, o longa traz à memória a força e a intensidade das amizades na infância.

A garota, rebelde e teimosa, acaba se tornando mais sensível após a chegada de Charlie

O diretor Gilles Maistre, ao estilo Boyhood (2014), acompanha o crescimento de Mia (Daniah De Villiers) e do leão Charlie (Thor). Em entrevista, Maistre disse que a única maneira de um leão não ferir uma criança durante as gravações seria se os dois tivessem crescido juntos. Por um lado, o fato de usarem um leão de verdade acaba prejudicando a montagem no início da obra, com cortes e planos um tanto confusos. Todavia, o animal não computadorizado faz com que as cenas sejam bem mais realistas. Tal realismo, infelizmente, se atém ao leão. Isto porque o filme vai ganhando tons de fábula a medida que progride, com alguns personagens sendo romantizados demais, como, por exemplo, no caso de Jodie (Lillian Dube), a empregada da família.

No longa, a família se muda de Londres para a África do Sul, sendo a sua principal fonte de renda uma fazenda especializada na criação de leões. Sutilmente, mostra-se a perspectiva de cada membro da família tentando sobreviver no novo lar, cada um à sua maneira e com suas necessidades. Mia é quem encontra mais dificuldade no início. A garota, rebelde e teimosa, acaba se tornando mais sensível após a chegada de Charlie, o então filhote de leão branco.

Após três anos, Mia descobre que seu pai (Langley Kirkwood) pretende vendê-lo  caçadores e decide fugir com o melhor amigo para libertá-lo. A narrativa se consolida como uma fábula com  acontecimentos surreais. Mesmo assim, a essa altura, é quase impossível não se emocionar. Daniah De Villiers é perfeita como Mia e a personagem equilibra os dois lados da história, sustentando tanto a fantástica quanto a questão da exploração dos animais.