Crítica | A Entidade 2 (Sinister 2) [2015]

Nota do Filme:

A Entidade 2 nos traz um rosto familiar como novo protagonista. Ciente do ocorrido com a família Oswalt, o Policial Fulano de Tal[1] (James Ransone) assume como missão pessoal impedir que a história se repita. Desse modo, sabendo o modus operandi da criatura, o delegado queima as casas onde ocorreram os assassinatos, de modo que ninguém possa se mudar para o local.

Entretanto, em sua cruzada é surpreendido por Courtney Collins (Shannyn Sossamon) que, junto de seus filhos Dylan (Robert Daniel Sloan) e Zach (Dartanian Sloan), mudou-se para uma das residências que deveriam ser destruídas para fugir de Clint Collins (Lea Coco), seu ex-marido abusivo. O protagonista, então, deve descobrir um modo de proteger a família não apenas do sobrenatural, como também do mundano.

 

 

Há alguns pontos positivos em A Entidade 2. Desde o começo é nítido que busca utilizar as bases de seu precursor para criar uma narrativa coesa de modo que pareça, de fato, uma sequência, e não um filme que apenas se utiliza do nome do anterior.

Assim, a escolha do foco narrativo é interessante, uma vez que o Policial Fulano de Tal, pouco presente no longa anterior, nos fornece a ligação necessária com a família Oswalt. Ainda, a química de James Ransone e Shannyn Sossamon é boa o bastante para entreter o espectador. Por fim, ressalta-se que a obra acerta ao optar por aumentar a mitologia que cerca Bughuul.

 

 

Dito isso, é impossível não se sentir decepcionado no decorrer da película. Isto porque, por mais que, no começo, haja consideráveis acertos do roteiro, esses não se sustentam no decorrer da obra.

Primeiramente, destaca-se a ineficácia da criação de uma atmosfera de terror, como ocorre em A Entidade. Isto é, no seu precursor, a sutileza na construção de Bughuul é responsável pela maior parte da tensão da história. O modo como se utiliza de filmes para transmitir os assassinatos, sempre à vista mas, ainda assim, escondido, faz com que o espectador fique sempre alerta.

Enquanto no longa anterior os snuffs eram um mal necessário ao personagem de Ethan Hawke, visto que ele buscava desvendar o mistério, aqui eles cumprem outra função que, ao menos abstratamente, é interessante. Todavia, a fraca execução impede que a trama seja interessante.

Nesse sentido, ressalta-se que, com exceção de James e Shannyn, a atuação apresentada no filme é, com o perdão da palavra, terrível. É sempre complicado quando uma obra utiliza atores mirins como foco principal de roteiro. São crianças e, desse modo, é difícil ao(à) diretor(a) conseguir, efetivamente, transmitir a sua visão ao resultado final da película. Aqui, esse problema se torna bastante evidente. Tanto os filhos de Courtney quanto as outras vítimas de Bughuul entregam performances extremamente fracas, o que vitimiza a história como um todo, maculando qualquer boa ideia que pudesse haver.

 

 

Por fim, há um aumento da utilização dos famigerados jump scares. Clássica ferramenta conhecida por mascarar a ausência de uma atmosfera de terror consistente, aqui, sequer são efetivos, tamanha a previsibilidade.

Desse modo, A Entidade 2 é, infelizmente, uma péssima sequência à uma boa história. Apesar de algumas boas ideias, a falta de sutileza e performances sofríveis fazem com que o roteiro falhe de maneira irreparável em sua execução, entregando, assim, uma péssima experiência cinematográfica e, ao mesmo tempo, enterrando qualquer possibilidade de uma franquia.

[1] O policial nunca é nomeado em nenhum dos filmes.