Infelizmente, o Dia dos Namorados não é motivo de comemoração para alguns. Dessa forma, para tentar representar o maior número de pessoas possível, após nossa lista focada em casais, separamos outro cinco filmes para aqueles que ficaram, ou querem ficar, na bad pelo Dia dos Namorados.
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind)[2004] – Dir. Michel Gondry
Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças acompanha a vida de Joel Barish (Jim Carrey) após o seu recém término com Clementine (Kate Winslet). Ao descobrir que sua ex-namorada o apagou de sua memória, decide fazer o mesmo, decisão essa que o leva a lembrar dos seus intensos sentimentos por ela.
O Cinema nos proporcionou diversas invenções fictícias que atraem o público, contudo, neste clássico do gênero temos, talvez, o exemplar mais desejável: uma máquina para apagar memórias ruins. Todavia, o longa reconhece o peso da sua própria invenção, sobretudo sobre os aspectos éticos.
Dessa forma, Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças consegue capturar, de maneira ímpar, a dor de um coração partido. Joel, em desespero pela sua mágoa, toma uma decisão definitiva, da qual não será possível recorrer. Toda ação recebe a devida atenção e, mais importante, o peso correto, sendo perfeitamente complementados pelo final agridoce.
O Lagosta (The Lobster) [2015] – Dir. Yorgos Lanthimos
Em O Lagosta estamos em uma distopia que abomina o estar solteiro. Segundo as leis d’A Cidade, solteiros devem ser encaminhados a um hotel para que encontrem a sua alma gêmea em até quarenta e cinco dias, sob pena de serem transformados em animais. Sob esse pretexto, após o término de seu longo relacionamento, David (Colin Farrell) deverá encontrar a sua cara metade.
Yorgos Lanthimos é conhecido pela sua visão única sobre determinados aspectos da sociedade. Dente Canino, primeiro longa que atraiu atenção ao diretor, reforça a importância da linguagem como forma de construção da própria personalidade do indivíduo. Aqui, porém, trabalha os clichês do gênero de maneira diferente (como não poderia deixar de ser), produzindo uma obra criativa e, ainda, instigante.
Antes da Meia-Noite (Before Midnight) [2013] – Dir. Richard Linklater
Antes da Meia-Noite segue a vida de Jesse (Ethan Hawke) e Celine (Julie Delpy) nove anos após os acontecimentos de seu antecessor (Antes do Pôr-do-Sol). De férias em uma pequena cidade na Grécia, a convite de um amigo, o casal se questiona acerca das decisões que os levaram até aquele momento.
Nas palavras do ator principal, se Antes do Amanhecer era um filme sobre o que poderia e Antes do Pôr-do-Sol era um filme sobre o que deveria ser, esta é uma história sobre o que de fato é. Aqui, no último filme da saga – ao menos até o momento – a realidade de um relacionamento duradouro atinge a audiência de maneira certeira.
Dessa forma, não há a inocência gentil de dois estranhos que se conheceram em um trem ou até mesmo a dúvida sobre o que poderia ser a sua relação, agora que são adultos. O conto de fadas se encerrou e, com ele, tem-se o inevitável acúmulo de amargura. Bela ou não, a realidade é retratada de maneira crua e intensa, sem meias palavras.
Guerra Fria (Zimna Wojna) [2018] – Dir. Pawel Pawlikowski
Guerra Fria acompanha a história de Wiktor (Tomasz Kot), um maestro e Zula (Joanna Kulig), uma cantora que se apaixonam na década de 50. Com a Guerra Fria como pano de fundo, acompanhamos as idas e vindas dos amantes que, a despeito de seus sentimentos, parecem estar fadados à autodestruição.
Indicado a três prêmios do Oscar em 2019 – Melhor Filme Estrangeiro (hoje chamado de Melhor Filme Internacional), Melhor Diretor e Melhor Fotografia –, é justo dizer que Pawlikowski é um dos expoentes do cinema polonês. Após arrematar um Oscar com o seu longa anterior – Ida –, não decepciona e entrega uma obra íntima e intensa.
Nesse sentido, é impossível não se compadecer da má sorte de um casal claramente apaixonado mas que, infelizmente, parecem ser tóxicos um ao outro. Uma simples história de amor para nos lembrar que, às vezes, apenas o sentimento não é o bastante.
Trama Fantasma (Phantom Thread) [2017] – Dir. Paul Thomas Anderson
Trama Fantasma se passa em uma glamourosa Londres pós-guerra nos anos 50, onde o renomado estilista Reynolds Woodcook (Daniel Day-Lewis) e sua irmã Cyril (Lesley Manville) são as maiores referências quando se trata de vestidos. Mulheres entram e saem de sua vida, porém, é com a chegada da garçonete Alma (Vicky Krieps) que ele começa a sentir algo diferente, e passa a usá-la como sua musa inspiradora, resultando em eventos de alegria e discórdia.
Com a grande do ótimo Paul Thomas Anderson e o anúncio de que este seria o último filme de Daniel Day-Lewis, é justo dizer que havia um hype considerável à obra. Felizmente, é justo dizer que todas as expectativas são correspondidas. Com ótimos aspectos técnicos e excelentes performances, foi um dos grandes filmes de 2017, com seis indicações ao Oscar de 2018 e uma vitória – Melhor Figurino.
Não apenas isso, mas Trama Fantasma conta com um roteiro denso e intrigante, permeado de nuances. Ao mesmo tempo, nos traz um vislumbre de uma relação extremamente problemática, lembrando que o amor pode ser um sentimento estranho em si mesmo.
Carioca, advogado e apaixonado por cinema. Busco compartilhar um pouco desse sentimento.