Por mais desesperador que o constante isolamento social possa parecer, é inegável que o amor é um dos sentimentos que nos permite manter as esperanças. Dessa forma, ainda que a relação de afeto não se limite a casais clássicos podendo, inclusive, ser fraternal, tendo em vista o dia 12.06.2020, selecionamos cinco filmes que nos lembram os lados positivos (e negativos) do clássico amor romântico.
Carol (2015) – Dir. Todd Haynes
Carol é não apenas um intenso romance, mas um filme de descoberta. Na narrativa, Therese Belivet (Rooney Mara), aspirante a fotógrafa, desenvolve uma relação íntima com Carol Aird (Cate Blanchett), em Nova York, na década de 50.
Baseado no livro de mesmo título escrito por Patricia Highsmith – o livro também é conhecido pelo título The Price of Salt –, trata-se de uma história sensível e autoconsciente e de aspectos técnicos invejáveis. A fotografia, de Edward Lachman (que lhe rendeu uma indicação ao Oscar), captura um quê de melancolia condizente ao roteiro de Phyllis Nagy (que também lhe rendeu uma indicação ao Oscar), tudo sob a ótima direção de Todd Haynes.
A excelência na execução, é claro, não se limita aos bastidores. Cate Blanchett e Rooney Mara entregam, talvez, as melhores performances de suas carreiras, e, considerando as suas filmografias, isso quer dizer alguma coisa. Não à toa, ambas foram indicadas ao Oscar de 2016, respectivamente como atriz principal e coadjuvante. Sarah Paulson e Kyle Chandler complementam o filme como ótimos coadjuvantes, conferindo maior peso ao longa como um todo.
Your Name (Kimi no Na wa.) [2016] – Dir. Makoto Shinkai
Em Your Name, acompanhamos Taki Tachibana (Ryûnosuke Kamiki), jovem estudante de Tóquio que sonha ser arquiteto e Mitsuha Miyamizu (Mone Kamishiraishi), jovem que mora no interior do país e deseja conhecer uma grande cidade. Por mais que nunca tenham se encontrado, possuem uma estranha ligação através das imagens de seus sonhos.
Aqui, Makoto Shinkai, diretor, consegue unir, de maneira imperceptível a inocência do amor adolescente a elementos fantásticos, o que ajuda a diferenciar o longa, destacando-o de seus semelhantes. Ao mesmo tempo, utiliza todas as qualidades que o meio da animação japonesa lhe confere, com visuais invejáveis.
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (Le Fabuleux Destin d’Amélie Poulain) [2001] – Dir. Jean-Pierre Jeunet
O Fabuloso Destino de Amélie Poulain acompanha a personagem título (Audrey Tautou) e sua rotina pacata em um calmo bairro parisiense, onde trabalha como garçonete. Ao encontrar uma caixa escondida no banheiro de sua casa, parte em uma jornada para devolver os itens ao seu dono, o que a leva, também, em busca de um grande amor.
Trata-se de uma história sobre a importância de se aproveitar os pequenos prazeres da vida. Dessa forma, a protagonista aprende a importância de manter-se vulnerável, ainda que isso possa vir a trazer tristezas. A narrativa, simples, é engrandecida pela ótima direção de Jean-Pierre Jeunet (também roteirista), que consegue introduzir clichês do gênero de maneiras criativas e subversivas, diferenciando a obra.
Aurora (Sunrise: A Song of Two Humans) [1927] – F. W. Murnau
Aurora conta a história universal de reconquista de amor entre um casal cuja chama há muito se apagou. Os protagonistas, interpretados por George O’Brien e Janet Gaynor, vivem juntos em uma fazenda. O marido, então, é seduzido por uma mulher vinda da cidade, interpretada por Margaret Livingston, que o convence a assassinar a sua esposa para que possam ficar juntos.
F. W. Murnau é um dos diretores mais importantes da história do cinema. Acompanhando o nascimento do Cinema em si, dirigiu seu primeiro filme em 1919 (Der Knabe in Blau). Em 1922 foi responsável por Nosferatu, clássico do terror e uma das obras mais relevantes do expressionismo alemão.
Aurora foi o seu primeiro filme americano e adapta o conto Viagem a Tilsit, de Carl Mayer. Ainda, arrematou o Oscar de Melhor Qualidade Artística de Produção (apenas dado no ano de estreia da cerimônia), Melhor Atriz Principal (Janet Gaynor) e Melhor Fotografia. Funciona, também, como um precursor do gênero noir, que viria a se popularizar em Hollywood na década de 40.
Casablanca (1942) – Dir. Michael Curtiz
Em Casablanca acompanhamos Rick Blaine (Humphrey Bogart), cínico americano dono de um clube na cidade de Casablanca, à época colônia francesa. Contudo, sua vida é abalada quando Ilsa (Ingrid Bergman), a única mulher que Rick realmente amou na vida, aparece em seu estabelecimento em busca de salvo-condutos para poder da cidade junto de seu marido, Victor Lazlo (Paul Henreid).
Trata-se, sem qualquer eufemismo, de um dos maiores clássicos de Hollywood. Em pesquisa conduzida pelo American Film Institute (AFI) em 1997, o longa figurou como segundo filme norte-americano mais importante da história – atrás apenas de Cidadão Kane. Em 2007, a pesquisa foi refeita, figurando, dessa vez, em terceiro, atrás, respectivamente, de Cidadão Kane e O Poderoso Chefão.
Não apenas um romance, mas uma história que apela ao nosso emocional, não à toa, após quase 80 anos, continua lembrado como um dos maiores filmes de todos os tempos. Um lembrete de que o romance está não apenas no final feliz, mas em toda a jornada dos envolvidos.
Carioca, advogado e apaixonado por cinema. Busco compartilhar um pouco desse sentimento.