THE ROCKY HORROR PICTURE SHOW – A DIVERSÃO EM UM MUSICAL

Divulgação: Fox

 

Em 1975, tínhamos o inicio da carreira de vários diretores talentosos, Coppola, Scorsese, De Palma, Altman, todos esses, começaram suas carreiras no inicio dos anos 70. E, enquanto isso, um filme ousado, de ficção cientifica fazia sua estreia nos cinemas.

Jim Sharman dirigiu “The Rocky Horror Picture Show”, e provavelmente não sabia que sua obra seria tão atual e inclusiva no século XXI. Contando a história do casal Brad e Janet, interpretado por Brad Bostwick e Susan Sarandon, após decidirem anunciar seu casamento para um amigo, se dirigem a casa deste, no caminho, o pneu do carro fura e eles pedem ajuda na casa do Dr.Frankfurter, vivido brilhantemente por Tim Curry. A partir de quando eles entram na casa, uma série de coisas insanas começam a acontecer.

O filme, baseado em um musical, deixa bem claro que é uma adaptação da peça, já que a obra é toda musicada, e suas canções, assim como seus números coreográficos, são inventivas e comunicam muito bem a situação vivida pelo casal ao espectador.

Falando de música, é essencial que as letras sejam bem feitas, já que, os diálogos são basicamente substituídos por essas, logo, a trilha sonora musical se mistura com a dialogada, e assim, se não forem bem executadas, as músicas prejudicam o filme ao invés de enriquecê-lo. Felizmente, não é o caso aqui, o papel sonoro é cumprido com maestria, e o filme fica fácil de entender e harmônico não apenas para os ouvidos, mas também para os olhos.

Isso se deve a montagem excepcional, em geral, porque, em grande parte dos musicais, vemos que a dança é gerada através dos cortes, e aqui, a câmera acompanha os personagens, mostrando todos os movimentos realizados, através de panorâmicas que investem em velocidade sem esquecer-se da elegância, e claro, com eventuais cortes aqui e ali, para mostrar as reações do casal em meio aquele mundo até então desconhecido.

E, o elenco é essencial para entendermos como o mundo que vive dentro da casa é diferente do nosso, Brad Bostwick e Susan Sarandon encaram seus papeis com sabedoria, através de suas expressões percebemos que tudo que é feito ali é surpreendente, mas, também é passível de aceitação e inclusão, enquanto Tim Curry como Frankfurter, mostra como é bacana encarar a vida de mente aberta, e o fato de o personagem gostar muito do Planeta Terra, mesmo não sendo natural dele, expõe como é possível sim, aceitarmos o diferente assim como o fazemos com aquilo que é igual.

E isso nos leva a uma reflexão atual, que é: porque ainda vivemos em uma sociedade hipócrita, que não aceita certas coisas, condena outras coisas e acha atos horríveis corretos? O filme mostra que a vida é multifacetada, vivida em grupos totalmente diferentes um do outro e que é possível haver uma convivência pacifica geral.

Há na obra, a quebra da heteronormatividade, ou seja, os personagens não se relacionam apenas com pessoas de gênero diferente, mas também, com o seu igual. Na projeção, o objetivo é claramente provocar o casal (ainda virgem) a realizar alguma prática sexual, mas, como reflexão, a mensagem não tem nada a ver com sexualidade (ou pode ter, depende do espectador), e sim que não devemos ter preconceito com o próximo, devemos respeitar todos.

Logo, “The Rocky Horror Picture Show”, é uma obra representativa, necessária, e que gera várias reflexões pertinentes ao momento atual da sociedade. O filme merece ser visto não apenas por causa disso, mas também por ser um musical competente, inventivo e principalmente, a obra é divertida. Uma boa dose de diversão é sempre bom.