Vencedor do Globo de Ouro e Emmy Award, Bruce Miller abriu o primeiro painel do Rio2C (Rio Creative Conference) nesta quarta-feira (4), na Cidade das Artes, para um Keynote sobre a aclamada série dramática The Handmaid’s Tale, que foi lançada recentemente no Brasil pelo canal pago Paramount.
Miller, que é produtor executivo e roteirista da série, contou como foi seu primeiro contato com a obra e como ficou sabendo que a série estava em desenvolvimento.
‘’Comprei o livro quando era adolescente, estudava na Brown University na época, e fiquei completamente apaixonado quando o li pela primeira vez. Anos se passaram e quando fiquei sabendo que a MGM tinha adquirido os direitos da obra, despertou em mim o interesse de ser o showrunner. Porém a empresa queria uma mulher para o posto. Com muita persistência, consegui o cargo. Nunca imaginei que seria o responsável pela adaptação”.
A atriz e também produtora Elizabeth Moss foi citada com frequência por Bruce ao decorrer da palestra.
‘’Moss é a melhor atriz que conheço. Ela consegue com facilidade apresentar todas as expressões faciais necessárias para você sentir o que a personagem está passando. Ela tem uma ‘’corda’’ ligada entre o coração e o rosto. Parece tudo muito orgânico. Durante as gravações, Moss trabalhou cerca de 14 horas por dia, nem conseguia ir ao banheiro’’, comentou o showrunner com bom-humor.
“Dos dez episódios da primeira temporada, oito foram dirigidos por mulheres. Não conseguimos preencher todos os episódios devido a agenda apertada de nossas diretoras. Não sei se a série seria diferente com a temporada toda dirigida por homens. Mas eu realmente acredito no potencial dessas mulheres ao filmar essas personagens. A câmera age de outra forma” incrementou Bruce ao falar sobre a diversidade presente nos bastidores da série, além das alterações feitas por ele no roteiro, que no livro descreve Gilead (cidade onde June vive presa com as criadas) como um local habitado apenas por brancos, coisa que na série, é diferente. “Vivo em uma América rodeada por vastas etnias e raças, não seria correto produzir uma série apenas com atores brancos” finalizou.
Mesmo escrevendo uma história totalmente nova para o universo de The Handmaid’s Tale, Miller tentou deixar os fãs despreocupados ao afirmar que Margaret Wood está lendo os roteiros de cada episódio, evitando ao máximo desviar o raciocínio original do livro de origem.
Encerrando o keynote, o showrunner foi questionado sobre o que veremos na segunda temporada, que estreia no final de abril nos Estados Unidos (ainda sem data de lançamento no Brasil). Meio sucinto e com receio de dar spoilers, Miller apenas disse que será uma temporada ’visceral e emocionante’.
Carioca da gema e Jornalista. Completamente apaixonado pela filmografia de David Lynch e Paul Thomas Anderson. Nas horas vagas, costumo assistir filmes da Criterion Collection ou da A24, além da vasculhar discografias de Indie Rock e Alternativo.