Retrospectiva 2016: 10 filmes que podem ter passado despercebidos

Mais um ano se passou e com ele mais obras foram produzidas para o cinema. Desde diretores, roteiristas, atores e atrizes sendo revelados no ultimo ano, tivemos uma ascensão do cinema nacional com diversas obras de destaque que acabaram sendo exibidas em diversos festivais de cinema. 2016 passou, levou queridos atores e atrizes, como Alan Rickman e Carrie Fisher mais recentemente, e nos proporcionou uma gama de excelentes filmes. Enfim, sem mais delongas, vamos para a lista.

Julieta – Pedro Almodóvar

Julieta é uma mulher de meia idade que está prestes a se mudar de Madri para Portugal, para acompanhar seu namorado Lorenzo. Entretanto, um encontro fortuito na rua com Beatriz, uma antiga amiga de sua filha Antía, faz com que Julieta repentinamente desista da mudança. Ela resolve se mudar para o antigo prédio em que vivia, também em Madri, e lá começa a escrever uma carta para a filha relembrando o passado entre as duas.

Candidato da Espanha no Oscar 2017, Almodóvar escrevendo e dirigindo o longa, precisa de mais algum motivo para dar uma chance?

Elle – Paul Verhoeven

Michèle é a executiva-chefe de uma empresa de videogames, a qual administra do mesmo jeito que administra sua vida amorosa e sentimental: com mão de ferro, organizando tudo de maneira precisa e ordenada. Sua rotina é quebrada quando ela é atacada por um desconhecido, dentro de sua própria casa. No entanto, ela decide não deixar que isso a abale. O problema é que o agressor misterioso ainda não desistiu dela.

Candidato da França no Oscar 2017, sendo que Isabelle Huppert está sendo cotada como uma das candidatas ao Oscar de Melhor Atriz, além de ter um enredo bem peculiar que o torna mais interessante.

Everybody Wants Some !! – Richard Linklater

 

1980. Jake acaba de chegar à universidade e logo consegue uma vaga na equipe local de baseball, passando a morar na casa que serve de alojamento para o time. Lá ele faz vários novos amigos, entre novatos e veteranos, que o ajudam a se enturmar neste ambiente repleto de diversão, experiências e camaradagem.

É Richard Linklater, só por isso deveria ser motivo suficiente para assistir esse filme. Espere os diálogos filosóficos, as crises existenciais de sempre.

Aquarius – Kleber Mendonça Filho

Clara tem 65 anos, é jornalista aposentada, viúva e mãe de três adultos. Ela mora em um apartamento localizado na Av. Boa Viagem, no Recife, onde criou seus filhos e viveu boa parte de sua vida. Interessada em construir um novo prédio no espaço, os responsáveis por uma construtora conseguiram adquirir quase todos os apartamentos do prédio, menos o dela. Por mais que tenha deixado bem claro que não pretende vendê-lo, Clara sofre todo tipo de assédio e ameaça para que mude de ideia.

Talvez o melhor filme brasileiro do ano passado, com uma excelente performance de Sonia Braga, é uma pedida certa pra quem quer perder o preconceito com cinema nacional.

Swiss Army Man – Daniel Kwan, Daniel Scheinert

Hank, um homem perdido no deserto, e sem esperanças, encontra um corpo no meio do caminho. Decidido em ficar amigo do morto, eles vão partir, juntos, em uma jornada surrealista para voltar para casa. Ao mesmo tempo em que Hank descobre que o corpo é a chave para sua sobrevivência, ele é forçado a convencer o morto o quanto vale a pena viver.

Provavelmente o filme artisticamente mais bizarro do ano passado, que abocanhou diversas indicações a premiações relevantes como o Independent Spirits, saiu vencedor do Festival de Sundance com o premio de melhor direção. E ainda temos Daniel Radicliffe fazendo um morto-vivo. É necessário dar uma chance.

The Handmaiden – Park Chan-Wook

Coreia do Sul, anos 1930. Durante a ocupação japonesa, a jovem Sookee é contratada para trabalhar para uma herdeira nipônica, Hideko, que leva uma vida isolada ao lado do tio autoritário. Só que Sookee guarda um segredo: ela e um vigarista planejam desposar a herdeira, roubar sua fortuna e trancafiá-la em um sanatório. Tudo corre bem com o plano, até que Sookee aos poucos começa a compreender as motivações de Hideko.

Ultimo filme do diretor de Oldboy, candidato da Coreia do Sul no Oscar de 2017, reviravoltas absurdas, é um prato cheio para qualquer amante do cinema.

Hell or High Water – David Mackenzie

Dois irmãos, um ex-presidiário e um pai divorciado com dois filhos, perderam a fazenda da família em West Texas e decidem assaltar um banco como uma chance de se restabelecerem financeiramente. Só que no caminho, a dupla se cruza com um delegado, que tudo fará para capturá-los.

Um western moderno, selecionado para o Festival de Cannes, indicado ao Globo de Ouro 2017, provavelmente será indicado em algo ao Oscar, além de mostrar uma visão dos Estados Unidos. Só assista.

American Honey – Andrea Arnold

Star, uma adolescente que busca viver aventuras, decide se juntar a um caixeiro viajante e cruzar o território do meio-oeste dos Estados Unidos vendendo assinaturas de revistas. No meio da viagem, ela entra em uma loucura de festas, crimes e amores junto com um grupo de desajustados.

Ganhou o Premio do Juri no Festival de Cannes, além de Sasha Lane talvez ser a revelação do ano, com uma diretora que ganhou o Oscar de Melhor Curta em 2003, vale a pena assistir.

Captain Fantastic – Matt Ross

Ben tem seis filhos com quem vive longe da civilização, no meio da floresta, numa rígida rotina de aventuras. As crianças lutam, escalam, leem obras clássicas, debatem, caçam e praticam duros exercícios, tendo a autossuficiência sempre como palavra de ordem. Certo dia um triste acontecimento leva a família a deixar o isolamento e o reencontro com parentes distantes traz à tona velhos conflitos.

Gostou de Pequena Miss Sunshine? Gostou de Na Natureza Selvagem? Só assista. Se isso não for motivo suficiente, leia a coluna que escrevi sobre esse filme.

The 13th – Ava DuVernay

Documentário que discute a décima terceira emenda à Constituição dos Estados Unidos – “Não haverá, nos Estados Unidos ou em qualquer lugar sujeito a sua jurisdição, nem escravidão, nem trabalhos forçados, salvo como punição de um crime pelo qual o réu tenha sido devidamente condenado” – e seu terrível impacto na vida dos afro-americanos.

Mesma diretora de Selma (2014), esse documentário produzido pela Netflix é uma verdadeira aula sobre desigualdade racial. Me arrisco a dizer que talvez seja a obra mais importante que foi produzida pela Netflix. E ainda afirmo, com certeza levará o Oscar de Melhor Documentário.

Bônus:

The Lobster – Yorgos Lanthimos

Em um futuro próximo, uma lei proíbe que as pessoas fiquem solteiras. Qualquer homem ou mulher que não estiver em um relacionamento é preso e enviado ao Hotel, onde terá 45 dias para encontrar um(a) parceiro(a). Caso não encontrem ninguém, eles são transformados em um animal de sua preferência e soltos no meio da Floresta. Neste contexto, um homem se apaixona em plena floresta – algo proibido, de acordo com o sistema.

Apesar desse filme ser de 2015, ele só estreou no circuito em 2016, e trata de um tema interessantíssimo: a solidão. Colin Farrel da um show de atuação nesse trabalho do diretor de Dente Canino, tanto que foi indicado ao Globo de Ouro de 2017 na categoria de Melhor Ator, Rachel Weisz não fica atrás também. Se gosta de distopia esse é um prato cheio.