Com 13 indicações ao Emmy, The Handmaid’s Tale é a melhor estreia no formato de seriado até o momento, contando uma historia distópica aonde foram retirados os direitos das mulheres devido a um Estado autoritário que é ditado pelo o que está no Antigo Testamento. Estrelado por Elisabeth Moss, que deve levar o Emmy de Melhor Atriz – Drama, a série é imperdível para quem é fã de distopias.
Inspirado no livro de mesmo nome, lançado no Brasil como o “O Conto da Aia”, da autora Margaret Atwood, o enredo traz um temor maior ainda pois a historia apresentada na narrativa não é tão longe assim da realidade, e detalhe, o livro foi escrito em 1985, acabando por se encaixar muito bem nos parâmetros da sociedade de hoje.
Em suma, imagine um futuro aonde o Estados Unidos não é chamado mais assim e sim Republica de Gilead, um regime teocrático e totalitário, enquanto vive uma guerra civil. Nesse contexto, as mulheres perderam totalmente seus direitos civis e são propriedades do Estado, aonde as mulheres férteis possuem uma única missão: procriar para os lideres do movimento religioso devido a esterilidade de suas esposas. Essas mulheres férteis são chamadas de aias, aonde sofrem um processo de estupro cotidiano ao qual é nomeado “cerimônia” pelos lideres. Ah, e isso ocorre devido a uma crise de infertilidade mundial no qual a série se passa.
Nesse contexto temos a personagem de Elizabeth Moss, June ou Offred (De Fred, pois ela é a aia residente na casa de Fred), com toda sua historia antes da tomada do poder por essa instituição religiosa, contrastando com toda sua situação que ela vive no momento, desde ao ato da “cerimônia” até o sentimento constante de nunca conseguir sua liberdade de volta. E, como a historia é narrada por sua personagem, e esses é um dos motivos de Moss estar com as duas mãos no Emmy, todos os momentos em que Offred narra vemos os olhares intensos da atriz, da expressão facial que ela consegue sem falar uma única palavra. Uma grande interpretação de uma grande atriz.
Além disso, é mostrado no decorrer da narrativa como foi tomado o poder, desde o primeiro decreto até o controle geral, as relações internacionais entre as nações com a Republica de Gilead, até mesmo uma crise imigratória para o Canadá, aonde foi estabelecido o novo Estado estadunidense, em que a protagonista juntamente com sua filha e marido tentam fugir na cena inicial do seriado, porem acaba por falhar e assim iniciar a odisseia de Offred.
E, depois de toda essa apresentação sobre o pano de fundo da série, o resto do núcleo de personagens é excelente e acabam por aumentar ainda mais a atuação de Elizabeth Moss sem desmerecer nenhuma. Por exemplo, Joseph Fiennes como o comandante Fred rende excelentes momentos com a dualidade de um dos lideres da organização e sua paixão pela aia. Yvone Strahovski vive a esposa de Fred, Serena, e acaba por ser muito ansiosa ao esperar a concepção de um filho através de June, acabando por tortura-la psicologicamente em diversos momentos devido as tentativas não serem certeiras. Alexis Bledel como Ofglen rouba a cena quando aparece, deixando o telespectador tenso pelos momentos por qual ela passa. Ann Dowd como a terrível Tia Lydia, a treinadora das aias, a sádica que não demonstra nenhum remorso em nenhuma situação. Samira Wiley vive Moira, a melhor amiga de June, tendo um papel importante na recontagem dos fatos e na reta final da primeira temporada. Detalhe para essas três ultimas atrizes, pois foram indicadas ao Emmy. Além disso, há outro personagens menores que completam o elenco, como Luke, o marido de June, Nick, o motorista de Fred que desenvolve sentimentos por June, e Janini, a outra aia que possui um psicológico fraquíssimo.
No quesito técnico a série também não peca, com uma excelente direção, uma trilha sonora esplendorosa, um roteiro muito bem escrito, um figurino bem produzido e uma fotografia inteligentíssima, que possui todos os méritos em relação a iluminação pois acaba por oprimir ainda mais Ofred, deixando-a nas sombras, e elevando Serena e a Tia Lydia, em forma de uma figura divina, clareando-as enquanto cometem qualquer ato de crueldade.
Enfim, uma série imperdível para todos que gostam de um ótimo drama, principalmente para o publico feminino, devido ao alto teor feminista e a questão de opressão religiosa, só elevando a série ainda mais. Com uma segunda temporada já confirmada, ficamos assim todos no aguardo e Nolite Te Bastardes Carborundorum.
Apaixonado por cinema, amante das ciências humanas, apreciador de bebidas baratas, mergulhador de fossa existencial e dependente da melancolia humana.