“Essa é um história sobre amor…”
As primeiras palavras proferidas e datilografadas por Christian logo no início de Moulin Rouge já nos preparavam para uma história épica sobre duas pessoas e as complicações envolvendo suas vidas a partir do momento em que se envolvem. As palavras seguintes já nos adiantam ainda mais do tom que o filme seguirá e do final nem um pouco feliz, mas que mostra não apenas a coragem do Australiano Baz Luhrmann, como sua ânsia em criar personagens e situações que nos aproximem de suas obras, por mais idílicos que venham a ser seus visuais.
Num contexto histórico que coloca nosso protagonista na virada do século XX, em meio à Revolução Boêmia, temos um produto multicultural e multifacetado, com temas tão universais e tão completos em diversidade que poderia ter sido pensado e executado na segunda metade dos anos 2000, porém, Moulin Rouge data de 2001, nos dando uma ampla visão do quão importante a obra é para o cinema, apesar de subestimado por alguns.
Por mais trágica que a história possa se tornar a cada minuto, essa é a pedida perfeita para encerrar essa semana de Dia dos Namorados, pois, é um amor tão puro, tão grandioso e épico, que te dá aquela vontade de viver algo com tanta intensidade quanto o da película.
Sendo assim, vamos aos 5 motivos que tornam esse musical único e obrigatório:
1. É UM MUSICAL
La La Land foi o hit do ano passado, com todas as suas cores, planos sequência, canções refletindo os aspectos psicológicos, ganhos e perdas dos personagens… Porém, 15 anos antes Baz Luhrmann já fazia o mesmo, como todo seu estilo inconfundível.
Musicais não são bem vistos pelo público geral, de fato, Moulin Rouge foi o primeiro a ter sucesso com todas as esferas da sociedade desde os anos 1960, trata-se de um gênero onde é necessário se desprender completamente da credulidade e da crença para embarcar. Luhrmann e Craig Armstrong, porém, criam uma trama onde se justificam os momentos lúdicos e deslumbram ao aplicar diversas referências aos clássicos do cinema, como Viagem à Lua.
2. A MUSICALIDADE
Não basta ser um musical, é preciso ter músicas boas e que conversem com o público. Craig Armstrong, ‘parceiro de crime’ de Baz Luhrmann é o homem certo para isso!
Sua capacidade de encontrar e encaixar uma canção para cada situação possível que as pessoas dentro daquela realidade estão vivendo é invejável, ele já mostrara anteriormente que sabia fazer em Romeu + Julieta (1999), mas elevou isso ao máximo com Moulin Rouge. Para se ter noção, temos, dentre as canções, músicas e medley’s de: The Police, Metallica, Elton Jhon, Madonna, Marilyn Monroe, T-Rex, Bono, Christina Aguilera, Pink, entre outros.
A diversidade de hits de artistas de épocas distintas compunha, junto ao estilismo do diretor, uma obra versátil e atemporal.
3. A CONSTRUÇÃO
Toda a trama é calcada em três óperas distintas e fala sobre a avassaladora paixão de Christian (Ewan McGregor), um poeta de Montmartrê por Satine (Nicole Kidman), a mais famosa cortesã do Moulin Rouge, um bordel.
Vemos o início, o meio e o trágico fim de toda a história dos dois personagens, vemos todos os quereres, prós e contras do relacionamento dos dois, vemos cada pessoa que orbita aquela relação e que é afetada por ele.
Moulin Rouge nos mostra o amor, o desejo, a inveja, a cobiça, a ganância e o sentimento de posse que as pessoas tem umas pelas outras, temas tão universais que tornam o filme atemporal.
4. O VISUAL E A NARRATIVA
Todo filme, teoricamente, deveria ter essa conversação entre a narrativa que está sendo construída e todo o visual apresentado. O longa consegue ser feliz em ambos os aspectos.
Cada decisão, cada quadro, parece ter sido concebido para conversar com o Figurino, com a Fotografia, com a Trilha Sonora e com a Edição. Há uma antecipação, a linha narrativa vai e vem de forma a te instigar, mesmo sabendo o final, você precisa saber o que vai acontecer com os dois, o que os levou até aquele fatídico momento.
5. COME WHAT MAY…
Por mais trágico que o filme seja, deixa uma mensagem de otimismo e esperança, de que o amor pode ser maior e mais forte que as pessoas que são contra. É uma verdadeira aula de respeito ao diferente, que mostra que os underdogs, as pessoas às margens da sociedade, por vezes, são muito mais do que aquilo que os pré-conceitos nos fazem ver.
O filme foi indicado a 8 Oscars, saindo vencedor em duas categorias.
Moulin Rouge mostra que haja o que houver, nós somos maiores e que tudo é parte do nosso crescimento como pessoas, desde que enxerguemos a Liberdade, a Beleza, a Verdade e o Amor que nos rodeiam.