Lindo. Sensível. Tocante. Humano. Esses são apenas alguns adjetivos que podem descrever Moonlight em uma unica palavra. Provavelmente é o filme mais humano de 2016, uma experiencia que afeta a cada um de nós que o assiste, a sua maneira. Nos faz criar uma empatia pelo próximo, se colocar no lugar do outro, e tudo isso em apenas um único filme.
O longa, dividido em três atos, desenvolve o personagem principal, Chiron, um negro gay que mora em uma periferia. Além de levantar tabus, o diretor Barry Jenkins nos mostra um grito por humanidade, rompendo ainda o padrão de produções similares, como Boyhood, e criando algo único no meio cinematográfico.
Os três atos do longa são divididos em infância, adolescência e a fase adulta de Chiron. Na transição de cada uma delas, vemos as atitudes que culminam em sua transformação em um adulto frio e fechado. Quando criança sofria bullying na escola, quando adolescente possui uma grande duvida sobre si mesmo. E é sobre isso que o filme se trata, Chiron tentando entender sua própria identidade e, consequentemente, sua sexualidade.
Por se tratar de um assunto que é bastante estereotipado e consequentemente acaba se tornando repetitivo, Barry Jenkins consegue mostrar que possui uma historia poderosa em mãos, inclusive inovando a forma que é contada, fazendo com que o filme seja ricamente carregado de comentários sociais e visuais extraordinariamente expressivos.
E, com isso, acaba por inovar personagens que se tornam comuns
em filmes do mesmo tipo, como um traficante de drogas que acaba por se tornar uma figura paterna, uma mãe viciada em crack, a namorada do traficante em que o jovem encontra um amor maternal, e a descoberta do adolescente.
Enfim, é um filme necessário para todos assistirem, pois precisamos de mais humanidade e sensibilidade. Estréia marcada para 23 de fevereiro nos cinemas brasileiros.
Por causa de todas essas razões, ele é o único capaz de tirar o favoritismo de La La Land na corrida ao Oscar. Com diversas indicações a diversas premiações e um Globo de Ouro de Melhor Filme – Drama, o longa será um dos mais indicados ao Oscar. E digo mais, deve acabar ganhando em todas as categorias que não concorrer contra La La Land, como Melhor Ator Coadjuvante, para Mahershala Ali, e Melhor Roteiro Adaptado, para Barry Jenkins. Além de certamente ser indicado a Melhor Filme e a Melhor Diretor.
Talvez a disputa mais emocionante do Oscar esteja na categoria de Melhor Atriz, mas Melhor Filme será bem curiosa também. Não desmerecendo os outros longas que devem concorrer, que são excelentes filmes por sinal, como Fences, Hacksaw Ridge, Hell or High Water, Manchester By The Sea, e muitos outros. A questão é que Moonlight é um filme com uma carga dramática gigantesca e La La Land revigorou o gênero musical, considerado datado. Então, só aguardar até amanhã para ver os indicados.
Apaixonado por cinema, amante das ciências humanas, apreciador de bebidas baratas, mergulhador de fossa existencial e dependente da melancolia humana.