Merlí é uma série de origem espanhola e idioma Catalão, criada e escrita por Héctor Lozano e dirigida por Eduard Cortés, disponibilizada pela Netflix desde 2016. A série ainda está em fase de produção, e são previstos 39 episódios, de 50 minutos cada, sendo que a plataforma de streaming só exibiu até agora a primeira temporada, com 13 episódios.
A trama nos apresenta Merlí (Francesc Orella), um professor de filosofia que, usando de métodos nada ortodoxos, incentiva seus alunos a pensar livremente. O personagem interpretado por Orella é uma figura bastante contraditória, ao mesmo tempo que se revela um mulherengo, manipulador, cínico e egoísta, é um excelente professor, que consegue de fato ensinar a seus alunos algo além das lições em sala de aula, causando uma verdadeira reviravolta nas ações e opiniões de alunos, professores e familiares.
Cada episódio leva o nome de um filósofo diferente – ou seja, traz as ideias de um pensador ou escola filosófica- e os acontecimentos acabam por girar em torno do que cada um deles trata, servindo de fio condutor para o que acontece na série.
O roteiro é bom, consegue fugir de uma continuidade previsível na medida em que foca nos personagens e descontrói os estereótipos que apresenta. Apesar disso, algumas vezes fica a impressão de que o destino de alguns personagens é determinado mais para se encaixar na exemplificação dos conceitos apresentados do que para efetivamente construir a ideia que se tem do personagem.
A série mostra na maioria das vezes de forma acertada, temas atuais e polêmicos, como a existência de transtornos psíquicos na adolescência, bullyng, aceitação, sexualidade, a transição para a fase adulta, diversidade, e principalmente, relacionamentos.
Para aqueles que se interessam por filosofia, essa série é um item obrigatório na lista, pois consegue passar de uma maneira inteligível, mesmo que as vezes incompleta, alguns conceitos básicos de autores como Nietzsche, Schopenhauer ou Guy Debord.