O filme do Diretor brasileiro Madiano Marcheti tem um posicionamento contra a transfobia, e retrata o desaparecimento da transexual Madalena, em uma região conservadora do Brasil, no Mato Grosso do Sul.
De forma tocante, o longa traz depoimentos de pessoas que conheciam Madalena, e as reações deles diante de seu desaparecimento e provável morte.
“Infelizmente, a expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 35 anos e, para essas pessoas, acaba sendo uma hipótese natural: se desaparecem é porque podem ter sido assassinadas”, diz o diretor em entrevista à agência France Presse.
Tendo suas origens no Estado em que o longa é retratado, o Diretor conta que sofreu muitos preconceitos em sua infância de adolescência, por ser homossexual e ter crescido em uma região tão tradicional e retrógrada.
Marcheti destaca o fato de as pessoas trans serem a parcela da população LGBTQIA+ que mais sofre preconceitos, agressões verbais, físicas, e assassinatos no país. Além disso, cita a maneira como o governo atual provoca cada vez mais essas agressões e discriminações, graças ao seu discurso preconceituoso.
“Um presidente falar abertamente as coisas que fala é um incentivo para que qualquer um que antes tinha um preconceito guardado, agora fale ou escreva na internet”, diz o Diretor.
Apesar do cenário atual, o filme concorre ao prêmio no Festival de San Sebastián, na categoria Horizontes do Cinema Latino-Americano, na esperança de que a realidade dessa parte da população brasileira seja reconhecida e quem sabe, aos poucos, transformada.