Crítica | Extraordinário (Wonder) [2017]

Nota do Filme:

 

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Auggie e sua Família

A primeira coisa que devemos ressaltar acerca de ‘Extraordinário’ é que, a despeito do tema, é um filme leve, ao contrário do que pode parecer. Vale dizer que não se trata de um filme menos importante por isso.

Na história, acompanhamos Auggie (Jacob Tremblay), um garoto com uma deformidade facial conhecida como síndrome de Treacher Collins, prestes a entrar na escola pela primeira vez após anos sendo ensinado em casa.

O longa aborda não só a vida de Auggie, mas também daqueles a sua volta, e esse definitivamente é o ponto alto do filme. Não porque sua história seja menos interessante, mas isso nos permite avaliar como sua condição afeta aqueles à sua volta, como sua família, seu amigo e, inclusive, a melhor amiga de sua irmã.

Dessas histórias “paralelas”, a que se destaca certamente é a de sua irmã, Via (Izabela Vidovic). Mais velha que Auggie, está acostumada a ser deixada de lado pela família, afinal o irmão requer mais cuidado. Segundo a própria, a família não aguentaria lidar com mais.

Ocorre que ela, como qualquer pessoa na sua faixa etária enfrenta problemas emocionais, e se vê sempre sozinha. A situação piora após ser abandonada por sua então melhor amiga, Miranda (Danielle Rose Russell).

Ao abordar o ponto de vista do melhor amigo de Auggie, Jack Will (Noah Jupe) e, posteriormente, retratar o modo como os pais de Julian (Bryce Gheisar), o “bully”, reagem ao descobrir as ações de seu filho no colégio, a obra nos mostra dois extremos diferentes.

De um lado a mãe de Jack o incentiva a passar tempo com Auggie[1]. Do outro, os pais Julian primeiro se recusam a acreditar nos problemas causados pelo seu filho e, por fim, diminuem a sua importância, algo que, evidentemente, tem impacto negativo em seu desenvolvimento como pessoa.

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Auggie Pullman

Dessa forma, o longa faz com que simpatizemos com cada personagem. O filme evita a lógica simplista do “bullying malvado” e do “amigo bonzinho”. Há razões para o modo como as coisas se dão e, ainda, espaço para erro e redenção.

Sobre aspectos técnicos, não há inovação cinematográfica. Não há uma grande revelação. Na realidade, pode se dizer que o filme é bem direto. Aqui, merece elogios o trabalho do diretor Stephen Chbosky[2], capaz de nos passar certos pontos com uma sensibilidade sublime.

Ressalta-se a excelente atuação do elenco mirim do filme. Jacob Tremblay já é conhecido pela sua (excelente) atuação em ‘O Quarto de Jack’. É satisfatório vê-lo em mais uma grande performance, bem como também perceber que ele não está sozinho quando falamos de bons atores/atrizes mais jovens.

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Elenco Coadjuvante

No longa, todo o elenco infantil funciona de maneira exemplar, em especial Noah Jupe. Julia Roberts e Owen Wilson, no filme, pais de Auggie, funcionam bem, jamais “roubando” o holofote de Jacob ou Izabela.

É claro que há clichês inescapáveis, mas ocorrem raramente. Entretanto, a qualidade da obra faz com que deixemos essas cenas de lado. No fim, ‘Extraordinário’ é um filme sensível e importante, que aborda de maneira leve problemas relevantes. Definitivamente, algo que merece ser visto.

 

[1] Aqui, sua mãe lhe conta como Auggie é o “menino da sorveteria”. Ela conta que o irmão pequeno de Jack chorou ao ver Auggie, e ela pede para Jack ajuda-lo porque o colégio seria difícil para ele. RJ Palacio, autor do livro, ganhou inspiração para escreve-lo após levar o seu filho à sorveteria e seu filho chorar ao ver uma criança com a síndrome de Treacher Collins.

[2] Diretor e roteirista também do filme ‘As Vantagens de Ser Invisível’, outra obra que se destaca pela sua sensibilidade acerca de um tema espinhoso.