Em períodos de guerra é necessário o escapismo, pois a maioria não quer batalhas, violência ou afins, escapar disso usando alguma coisa é algo não apenas necessário para esquecer, mas também para se manter são, para não adquirir problemas psicológicos, quer dizer, não adquirir mais problemas psicológicos.
Guillermo Del Toro talvez tenha usado a ideia de escapismo para criar o principio fundamental de “O Labirinto do Fauno”, unindo isso ao gênero cinematográfico que tem foco na fantasia, e ainda conseguindo explorar um período histórico duro na história espanhola, a guerra civil que colocou o ditador Francisco Franco no poder.
Lançado no ano de 2006, acompanhamos Ofélia (interpretada por Ivana Baquero), uma menina de 10 anos, quando esta se muda para a casa de um capitão do exercito franquista junto com a mãe grávida e doente. Na nova morada, ela é maltratada pelo capitão e com a mãe piorando, a garota encontra em um fauno morador de um labirinto localizado no terreno da casa, uma oportunidade de fugir daquilo, para isso e para ser uma princesa – seguindo uma lenda contada pela criatura – ela precisa cumprir três tarefas.
A obra usa a fantasia como ferramenta, pois é a partir dela que a estrutura e a fotografia são desenvolvidas, de forma a dividir o filme de maneira correta entre duas histórias distintas (porém interligadas): a fantasiosa, Ofélia e as tarefas, e a real, o fascismo implantado na Espanha da Segunda Guerra Mundial.
Na estrutura, vemos como os cortes são mínimos, na maioria das cenas são utilizados movimentos de câmera para realizar passagens entre uma cena e outra. Os travellings para o lado e para baixo são muito recorrentes, como exemplo, o momento em que se dá a segunda tarefa, quando a porta criada pela menina usando o giz é aberta, a câmera se mexe para baixo, indicando a passagem de um mundo a outro e confirmando o ambiente descrito pelo fauno.
Em relação a fotografia, as cenas mais claras ocorrem no segmento de Ofélia, como se por serem momentos denotativos de algo esperançoso, a luz devesse ser mais clara por causa disso. Oposto a essa decisão, a casa onde ela vive é escura, sem cor e sem vida, assim como seu dono, a moradia é um ambiente cruel, ruim.
Fora que a maquiagem do filme, com destaque para o fauno e para a criatura da segunda tarefa, mostra como um bom trabalho pode substituir efeitos especiais, mas é claro que esses efeitos existem, seria impossível criar aquele universo sem os recursos apropriados de tecnologia.
Logo, “O Labirinto do Fauno” é um dos grandes filmes de fantasia já feitos, não apenas pelo ficcional, mas por unir esse aspecto com uma história real triste e por mostrar esperança nos piores momentos. Mesmo que o final não seja lá tão otimista assim.
Formado em Jornalismo e apaixonado por cinema desde pequeno, decido fazer dele uma profissão quando assisti pela primeira vez a trilogia “O Poderoso Chefão” do Coppola. Meu diretor preferido é Ingmar Bergman, minhas críticas saem regularmente aqui e no assimfalouvictor.com