Crítica | Wonderland [2024]


O que é real e o que não é quando falamos de amor?

Essa é a premissa de ‘Wonderland’, a nova produção sul-coreana que acaba de chegar na Netflix e que nos convida a refletir sobre o luto e a fragilidade da existência humana. A trama gira em torno da Wonderland, uma empresa que, através da inteligência artificial, permite aos enlutados se reconectarem com os mortos, criando a ilusão de que eles ainda estão presentes.

O filme acompanha duas histórias principais: uma gerente de investimentos (Tang Wei) que busca se reconectar com a filha após a morte, e uma comissária de bordo (Suzy) que encontra na tecnologia da Wonderland uma forma de se comunicar com o namorado em coma (Park Bo-Gum). Através dessas personagens, o diretor Kim Tae-yong busca emocionar o público ao discutir as complexidades do luto e as consequências emocionais de se conectar com uma versão digital de alguém que se foi.

O elenco de peso, com nomes como Park Bo Gum (Passarela dos Sonhos), Suzy (Doona!), Gong Yoo (Round 6), Tang Wei (Decisão de Partir), Choi Wooshik (Parasita), e Jung Yu-mi (Invasão Zumbi) entrega atuações cativantes, mas não consegue salvar o filme de suas falhas de execução. Apesar de seu grande potencial, Wonderland acaba se perdendo em suas muitas tramas e subtramas, e oferece apenas um vislumbre das tantas questões complexas que levanta, fazendo com que o público por vezes se sinta perdido quanto a trama e o rumo da história.

Assim como já vimos em outras produções que abordam o mesmo tema, a possibilidade de criar réplicas digitais de pessoas que já se foram abre um leque de questionamentos sobre a natureza da consciência e da própria vida. Mas quando o filme começa a adentrar nessas questões (e a história começa a ficar mais interessante) já estamos nos momentos finais e a trama precisa ser encerrada. O filme apenas arranha a superfície desses temas, deixando o espectador com mais perguntas do que respostas.

Mas o longa coreano também tem os seus pontos positivos. Além das atuações cativantes e casais com muita química, Wonderland nos conquista com a sua fotografia, que desempenha um papel importante na construção da atmosfera do filme e transporta o espectador para toda a melancolia e nostalgia que se propõe. As imagens são marcadas por uma estética visual que mistura o poético e o fictício, em cenas de CGI que não deixam nada a desejar.

No final, Wonderland é um filme que poderia ter sido muito mais. Ele nos emociona, mas poderia ter emocionado muito mais. A promessa de explorar a realidade virtual e a consciência artificial é apenas arranhada na superfície. O filme poderia ter sido uma reflexão criativa sobre a vida e a morte, mas não consegue atingir o seu pleno potencial (o que é uma pena para os fãs – aqui eu me incluo – que esperavam ansiosos para conhecer a história). Em resumo, Wonderland é um filme que vale a pena assistir por sua beleza visual e pelos personagens cativantes, mas se prepare para terminá-lo com uma sensação de que algo ficou de fora.

Com direção de Kim Tae-yong (Laços Familiares), ‘Wonderland’ estreou nos cinemas coreanos no dia 5 de junho, e já está disponível na Netflix Brasil.

Nota do filme: