Crítica | UglyDolls (2019)

Nota do filme:

UglyDolls funciona como uma espécie de versão distópica de Toy Story, fazendo – como as distopias costumam fazer – comentários sobre a sociedade. Não que eles sejam muito profundos, reflexivos, ou até mesmo originais, mas cumprem seu propósito, especialmente quando consideramos se tratar de uma produção destinada ao público infantil.

A história nos apresenta à boneca Moxy (Kelly Clarkson na dublagem original/Aline Wirley na versão nacional), habitante da cidade de Uglyville, um lugar destinado a brinquedos que, em função de alguma falha ocorrida no processo de fabricação, foram considerados “imperfeitos” para o convívio com humanos. Determinada a romper essa barreira, a personagem decide partir para o “mundo real”, enfrentando a resistência do boneco Lou (Nick Jonas/João Côrtes), líder do Instituto da Perfeição.

Como no parágrafo anterior, o uso de termos como “perfeição”, “feio/bonito”, “modelo” e “aprovação” é uma constante ao longo do filme, cuja trama se estabelecerá frequentemente nesses contrastes. E a posição adotada pelo longa é clara: há espaço para todos e a diversidade de cores e formas enriquece o mundo. O que transforma o arco da protagonista em uma jornada pela auto aceitação por meio da compreensão de que um brinquedo não precisa ser impecável para fazer uma criança feliz (o que lembra, inclusive, a iniciativa Toy Like Me).


Isso fica claro quando comparamos as casas e demais construções de Uglyville com as do Instituto da Perfeição. Enquanto as do primeiro são plurais e alegres, retratando as diferentes realidades que residem naquele universo, as do segundo são padronizadas e sem graça. Até mesmo a paleta de cores utilizada no cenário reforça a interpretação.

Em contrapartida, o vilão contribui para enfraquecer um pouco a história. Lou, além de ser desinteressante, parece nunca saber o que realmente quer fazer. Quando nos acostumamos com um plano seu, ele repentinamente muda de ideia e parte para outro. A quantidade de números musicais também acaba, por vezes, quebrando o ritmo do roteiro. Ademais, os efeitos digitais da animação não chegam a ser impressionantes.

Por fim, contando com referências a Oliver Twist e Leonardo da Vinci, UglyDolls reforça uma temática que, mesmo não aprofundada, pode e deve servir de lição para as pessoas desde cedo. E sair de sessões com crianças empolgadas com a narrativa é um ótimo sinal de que o objetivo foi alcançado.