Nota do Filme:
Em tempos de movimentos como #MeToo e #TimesUp, Suprema chega para contar a história de Ruth Bader Ginsburg, juíza da Suprema Corte.
Nem sempre foi fácil, isto porque na década de 50 existiam apenas nove estudantes mulheres na famosa faculdade de Harvard e, dentre elas, estava a personagem, mas para conseguir dar conta de ser mãe, esposa e estudante ela contou com a ajuda de Martin Ginsburg, seu marido.
Não só a questão de igualdade de gênero, mas o longa também destaca a parceria e química entre Ruth e Martin, e foi justamente isso que inspirou Daniel Stiepleman a escrever Suprema. Durante o funeral de seu tio, um dos amigos de Martin comenta sobre o único caso que o casal tinha defendido juntos, que serviu de base para o roteiro.
Além da parceria entre eles, também vemos a turbulenta relação entre Ruth e Jane, a filha mais velha.Com um gênio forte, Jane sempre bateu de frente com Ruth e a jovem foi crucial para que a então professora aceitasse o caso que Martin apresentou e lutasse pela igualdade de gênero.
O julgamento em questão é o de um homem que tem uma parte de sua dedução de impostos negada simplesmente por ele ser homem, pois segundo a lei da época, homens solteiros não podiam ser cuidadores, esse era um trabalho para mulheres.
Com um roteiro escrito pelo sobrinho da juíza, Suprema conta com a direção de Mimi Leder, conhecida por trabalhos como The Leftovers. Segundo a diretora, ao ler o roteiro ela soube imediatamente que precisava contar essa história pela identificação e por seu significado.
Mesmo com duas horas de duração, o ritmo do filme não o deixa cair no marasmo e devido ao roteiro bem escrito, ainda com a parte jurídica e seus termos, o público não se perder na história e muito menos diminui o interesse pelo desfecho.
O produtor do filme, Robert Cort, quando recebeu o roteiro ressaltou a importância de Ruth para a história feminina e fez uma ligação com Mulher Maravilha, já que Suprema conta a origem, assim como vários filmes de heróis, de uma das mulheres mais importantes da atualidade. Essa mudança que o filme propõe reflete no discurso final de Ruth Bader Ginsburg perante a Suprema Corte, onde Felicity Jones tem um dos mais longos discursos da história do cinema americano, durando mais de 5 minutos.
Quem ainda não conhece a história da juíza ou de como as mulheres ganharam direitos aos poucos, Suprema é um filme que mostra o quanto já avançamos, mas ao mesmo tempo nos leva a refletir que ainda precisamos avançar em outros sentidos.
Como dito no começo, hoje em dia vemos movimentos como #MeToo e #TimesUp ganhando forças, pois mulheres decidiram ir em frente e lutar por aquilo que tem direito e não se calarem diante de situações, assim como a protagonista fez décadas atrás.
Ruth Bader Ginsburg é um exemplo vivo que não devemos seguir de acordo com o tempo do dia, mas sim com o clima da era.
Editora da página e autora da coluna Cinematologia Indica.
De Disney até Tarantino. De Friends até Orange Is the New Black. Uma pessoa que adora explorar cada cantinho da Netflix. Basicamente uma vida created by Shonda Rhimes.