Na nostálgica atmosfera dos anos 80, um grupo de amigos entra na mira de um perigoso serial killer que atormenta a cidade.
Todo serial killer é vizinho de alguém, partindo dessa premissa, embarcamos em uma aventura em pleno verão de 1984, onde o trio de diretores François Simard, Anouk Whissell e Yoann-Karl Whissell, responsáveis pelo surpreendente “Turbo Kid”, nos apresentam uma obra ainda mais obscura e perturbadora, mergulhando de cabeça no suspense, no terror, sem deixar o lado cômico de lado.
No verão de 1984, no subúrbio de uma cidade pacata, Davey, um garoto de 15 anos, pensa que seu vizinho, Sr. Mackey, que também é policial, é o temido serial killer que assombra a cidade. Logo, ele e seus amigos embarcam em uma investigação alucinante, para desmascarar o agora temido, Sr. Mackey, entretanto às coisas saem do controle quando os garotos chamam a atenção do serial killer.
Um filme com a atmosfera retro já consagrada dos anos 80, onde mais uma vez o trio de diretores nos passam a construção de um “ar” de inocência, para depois de uma vez só, corromper o filme com violência explicita, chocando o espectador. Em “Summer of 84”, podemos destacar o clima e a tensão que o filme constrói, mas não podemos rebater sobre originalidade, pois não se percebe nada de original no longa.
Uma proposta interessante, que na sombra de obras como “Conta Comigo (1986)”, “Stranger Things” e “It: A coisa (2017)”, ganha notoriedade, mas deixa de ganhar maiores proporções, por conta dos erros que o trio de diretores comete em suas preciosidades e tentativas de tornar o filme algo diferente sobre um roteiro já desgastado.
A premissa do filme e sua ideia é cativante. O ato de vigiar um policial na suspeita de que esse fosse um serial killer, funciona pela simplicidade da trama e ao mesmo tempo, consegue criar uma camada “aventuresca”, uma atmosfera nostálgica, vista nas obras supracitadas e outras grandes obras consagradas, como ” Os Goonies (1985)”, entretanto, é a quebra dessa atmosfera que dá um toque diferente em “Summer of 84”.
Diferente das obras aqui citadas, “Summer of 84” ganha um ar sombrio e muda completamente o tom, chocando quem assiste. Logo aponto este fato, como o ponto mais forte do filme, pois quando o choque acontece, você se questiona sobre o que “diabos” lhe atingiu, justamente pela mudança brusca de tom.
Mas o filme ao mesmo tempo que acerta nessa direção da mudança de tom, peca no “time” dessa mudança, e falando em “time” posso dizer que o filme erra em ser longo demais para sua proposta simples. O filme não possuí tanto tempo de tela assim, mas poderia ter contado sua história em uns 20 minutos a menos. Esse tempo demasiado, numa tentativa de desenvolver melhor os personagens e seus conflitos, apenas acaba dando espaço para assuntos vazios e ganchos que não fazem sentido, além de cenas completamente descartáveis.
Perto de “Turbo Kid”, essa obra é de uma qualidade muito superior esteticamente falando, mas quando o assunto é a qualidade da história contada, ressalto que o roteiro se perde e torna cansativa, uma história inicialmente interessante. Outro ponto negativo é o fato do filme se tornar previsível conforme o tempo passa e mesmo as reviravoltas que acontecem no longa, que deveriam ser o ponto forte do filme, se tornam desgastadas, tardias, fora de tom e de tempo, mesmo sendo inteligentes. Mais uma vez o trio de diretores parece não acertar o “time”.
A história do filme é muito boa, o seu elenco é promissor e conduz com propriedade os personagens, não existe um problema nas atuações, nem na história que o filme conta, o problema está na forma em como contam essa história simples, que se tivessem focado em contá-la da forma mais simplória possível, talvez tivessem acertado no tom e no tempo. Uma simples reedição no filme já faria a história ficar coesa e harmoniosa. “Summer of 84” tem seus pontos fortes concentrados na atmosfera criada graças aos fatores estéticos e o enredo da trama, porém se perde em meio aos seus preciosismos, criando um filme cansativo a partir de uma história interessante.