Filmes de terror asiáticos caem cada vez mais no gosto popular e nas rodas de conversa. É quase uma unanimidade o fato de as obras do gênero produzidas por lá serem marcantes e carregarem um estigma de “os filmes que dão mais medo”, que trazem cenas perturbadoras e que incomodam o sono de seus espectadores. Outra característica marcante da indústria, é o sucesso dessas obras nos outros continentes. Prova disso, é o fato de diversos remakes norte-americanos serem feitos tomando como base as películas de horror produzidas do outro lado do planeta. Ringu (1998), ou O Chamado, é um filme japonês que ganhou um remake americano em 2002 estrelado por Naomi Watts; e Ju-On: The Curse (2000), também criado no Japão e conhecido por aqui como O Grito, foi refilmado em 2004 pelo mesmo diretor da obra original, mas agora com atores americanos. Como ocorrido com os exemplos anteriores, o filme tailandês Shutter (2004) (Espíritos – A morte está ao seu lado), também ganhou uma nova versão nos EUA em 2008. Curiosamente, outras duas variantes foram feitas, mas dessa vez em Bollywood, na Índia.
Tun (Ananda Everingham) e sua namorada Jane (Natthaweeranuch Thongmee) formam uma casal de universitários fotógrafos, que acabam monopolizando e cobrindo os eventos mais importantes de sua faculdade. Um dia, ao voltar para casa à noite, a dupla atropela uma jovem que andava no meio da rodovia. A garota, que estava no volante, pensa em descer do carro para ajudar, mas seu companheiro a convence a fugir prontamente da cena do crime. O impacto desse acidente irá atormentar a vida de ambos no decorrer de suas vidas.
Dirigido pelos estreantes tailandeses Banjong Pisanthanakun e Parkpoom Wongpoom, o longa é baseado em um roteiro clichê, mas com uma temática e um desenvolvimento bastante criativos. Logo nos primeiros dez minutos, a dupla já mostra a que veio, mostrando uma “aparição” no fundo da imagem – e deixando o espectador cada vez mais na ponta da cadeira. Além disso, a utilização da trilha sonora é competente na maior parte do tempo, trazendo sons estridentes e que aumentam de intensidade no clímax das cenas. Claro, como boa parte dos filmes do gênero, Jump scares são uma característica bastante presente. Infelizmente, funcionam, de fato, em poucos momentos, quando trazem uma quebra de expectativa que pega o público completamente desprevenido. O que é feito, e muito bem por aqui, é a utilização de elementos específicos da fotografia (como profissão) para a criação de ambientes assustadores. O quarto de negativos, iluminado com uma forte luz vermelha, e o flash da câmera, são utilizados (muito bem) para a construção de algumas das cenas mais medonhas da obra.
A temática do filme se utiliza, basicamente, de uma das lendas urbanas da internet mais famosas: a aparição de espíritos e falecidos em fotografias dos mais diferentes tipos. Além disso, assuntos bastante importantes como o bullying e o sensacionalismo no jornalismo também ganham um certo espaço por aqui, se mostrando elementos fundamentais para o desenvolvimento da narrativa. O desfecho da história acaba numa crescente, com uma sequência de perseguição de tirar o fôlego, e com um final forte, que recompensa a todos aqueles que se atentaram aos detalhes desde o início.
Com uma maquiagem completamente simples e assustadora, Shutter, é um filme ótimo, que flerta com alguns clichês em seu conteúdo e em sua forma, mas que não decepciona em nenhum momento aqueles que anseiam por um bom filme de terror, que assuste e faça pensar.