Nota do Filme:
Minha Mãe É Uma Peça 3 é baseado na obra de Paulo Gustavo, que tem a própria genitora como musa inspiradora do projeto. O longa, na terceira edição, tem seu público estabelecido e conquistou os espectadores com a maneira ácida e sincera de Dona Hermínia (Paulo Gustavo), mãe superprotetora e afrontosa que não consegue se distanciar dos filhos. Neste, ela está mais só, uma vez que Juliano (Rodrigo Pandolfo) e Marcelina (Mariana Xavier) saíram de casa e ela tem que se adaptar à realidade da casa vazia, enquanto seus filhos buscam formar novas famílias.
Hermínia é apenas mais uma mãe passando pela chamada síndrome do ninho vazio, tendo que lidar com as novidades nas vidas dos filhos: Marcelina está grávida e Juliano vai casar. Para deixá-la ainda mais ansiosa, Carlos Alberto (Herson Capri), seu ex-marido, que esteve sempre por perto, agora resolve se mudar para o apartamento ao lado. A síndrome é agravada pela imposição de limites decretada pelos filhos, que não permitem que ela continue se metendo na vida deles. Este é o gancho para produzir a emoção da obra, com alguns flashbacks mostrando-os quando crianças (Theo Almeida e Alice Oliveira) interagindo com a mãe superprotetora.
Mas, apesar de mostrar a protagonista sendo escanteada, este é mais leve que os antecessores e permanece repleto de piadas. O elenco não muda muito e continua com ótimo timing para comédia. Paulo Gustavo se destaca mais uma vez e possui hilárias interações com Herson Capri, Samantha Schümtz e Malu Valle. A relação com as irmãs, Iesa (Alexandra Richter) e Lúcia Helena (Patricya Travassos), continua conturbada e, também, rende boas risadas.
O longa, mais maduro que os anteriores, apresenta uma mãe controladora e invasiva tendo que aprender a encarar os limites impostos pelos filhos. Dona de uma personalidade peculiar, com características bem definidas – mandona, controladora e superprotetora – Hermínia não deixa de ser um retrato da mãe tradicional brasileira. Não à toa que, embora irritante, histriônica e arbitrária, conquistou a empatia do público com seu jeito impaciente e carente. Para reforçar a afinidade com os espectadores, ela ainda se mostra benevolente com uma personagem difícil de lidar nessa história.
Os cortes bruscos aumentam a percepção dos erros de continuidade, que podem ser notados desde o início do filme, equívoco que acompanha a saga desde o primeiro, mas não estraga a produção. A trama flerta com alguns temas polêmicos e atuais, como a questão da transgeneralidade na infância e o preconceito das pessoas desinformadas, mas não aprofunda no assunto. Também, apresenta um casamento gay e um discurso inclusivo da personagem principal, mas o casal não é posto em evidência, perdendo espaço para ela, foco das cenas.
Percebe-se que a obra é uma ode de amor à família, como se observa com a aparição do marido e dos filhos de Gustavo e as homenagens ao final. É o tipo de entretenimento que não foge de clichês e repete algumas piadas dos anteriores, mas com um público estabelecido, cumpre bem o papel de divertir, desenvolvendo a protagonista da saga, com um humor leve e muita comicidade.
Minha Mãe É Uma Peça 3 estreia em 26 de dezembro nos cinemas (possui as esperadas cenas durante os créditos).
Direção: Susana Garcia | Roteiro: Paulo Gustavo, Fil Braz, Susana Garcia | Ano: 2019 | Duração: 110 minutos | Elenco: Paulo Gustavo, Mariana Xavier, Rodrigo Pandolfo, Herson Capri, Samantha Schümtz, Alexandra Richter, Patricya Travassos, Malu Valle, Stella Maria Rodrigues, Lucas Cordeiro, Cadu Favero, Bruno Bebianno.
Apaixonada por filmes e séries, queria transformar o mundo em um lugar melhor, deitada na minha cama, ligada na TV.
“Sou só uma garota ferrada procurando pela minha paz de espírito.” Kruczynski, Clementine (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças).