Nota do filme:
O longa Loja de Unicórnios equilibra a medida entre humor, drama e fantasia, fazendo um paralelo entre as duas realidades da protagonista Kit (Brie Larson); a jovem que precisar lidar com o fracasso na carreira de artista, e a sonhadora que finalmente pôde realizar o desejo de infância, ter um unicórnio. De volta à casa dos pais e em um emprego temporário, Kit tenta se encaixar na nova rotina, até que recebe um misterioso convite para conhecer a Loja de Unicórnios.
Brie Larson, que ganhou Oscar de melhor atriz em O Quarto de Jack (2015), além de interpretar Kit, também assume a direção do filme, mostrando excepcional talento também atrás das câmeras. A cinematografia de Loja de Unicórnios é crucial para o desenvolvimento da narrativa, por se tratar de uma história cheia de metáforas e cenas que dispõem da livre interpretação do espectador. É importante estar atento aos detalhes. Como o quadro em que o glitter nos pés de Kit aparece em primeiro plano, ainda no início no filme, deixando claro traços de sua personalidade, que vão se revelar logo depois. As roupas da protagonista também ficam cada vez mais coloridas no desenrolar da trama.
Mas nem só de personagens extravagantes e coloridos é feito o filme. O longa também consegue a proeza de tornar o simples vendedor de uma loja de ferramentas, Virgil (Mamoudou Athie), uma figura notável. As cenas entre Brie Larson e Mamoudou Athie dão muito certo, existe uma sintonia natural entre os dois, um toque de realidade mais palpável que contrasta com o Vendedor (Samuel L. Jackson), que mais parece uma criatura saída de um conto de fadas.
Apesar de ter alguns traços que realmente lembram contos de fadas, diferente dos filmes infantis, Loja de Unicórnios não força uma lição de moral. O roteiro aborda temas como amizade, família e o conceito de fracasso, mas não é possível chegar a uma única conclusão sobre qualquer assunto. A subjetividade na narrativa, porém, é essencial, até porque mesmo se tratando de unicórnios, esse é sim um filme feito para adultos.