Crítica | Homem de Ferro (Iron Man) [2008]

Nota do filme:

“A verdade é que… eu sou o Homem de Ferro”

Tony Stark

Homem de Ferro acompanha o bilionário Tony Stark (Robert Downey Jr.), CEO das Indústrias Stark, a maior produtora de armas do mundo. Designado para apresentar o Míssil Jericho, viaja ao Iraque acompanhado pelo Coronel James Rhodes (Terrence Howard) e, após se separarem no retorno, é feito prisioneiro por um grupo que se intitula “Os Dez Anéis”. Mortalmente ferido, é salvo por Yinsen (Shaun Toub), também mantido em cativeiro. Para escapar, desenvolve uma arma como nunca antes vista. Assim, ao retornar ao seu país, deverá lutar com Obadiah Stane (Jeff Bridges) pelo controle de sua empresa.

O primeiro filme de uma saga é sempre um dos mais sensíveis. Não apenas deve se cunhar um roteiro interessante por si só, como também saber balancear tais elementos com o futuro da narrativa. Felizmente, a confecção do maior Universo Cinematográfico da história – e, considerando que hoje o MCU conta com 21 filmes e 11 séries, não se trata de uma afirmação exagerada – teve um ótimo início, introduzindo um personagem que, para muitos, após onze anos, continua sendo um dos favoritos da franquia.

Homem de Ferro surgiu em um momento delicado o gênero. Lançado após obras como Homem-Aranha 3 e X-Men 3 – O Confronto Final que, a despeito do sucesso de bilheteria, colecionaram, cada qual a pior crítica de suas respectivas trilogias, de modo que ainda havia certa descrença quanto à sua seriedade – que só viria a ser completamente exterminada com o lançamento de Batman – O Cavaleiro das Trevas, mais tarde daquele mesmo ano. Tais fatores apenas tornam o seu feito ainda mais impressionante, vez que conseguiu conciliar diversos pontos divergentes e entregar um produto coeso, interessante e, mais importante, divertido.

Pois bem, desde o começo o roteiro é competente em nos apresentar um protagonista carismático, mas falho. Isto porque, por mais que tenha ótimas qualidades, estão escondidos sob a camada de ego que Tony usa para sobreviver ao mundo dos negócios. Dessa forma, ainda que seja, no seu cerne, uma boa pessoa, o longa pode trabalhar a sua personalidade no decorrer de suas duas horas de duração sem cansar o espectador.

Aqui, dois fatores elevam bastante a qualidade da história: a interpretação de Robert Downey Jr. e a direção de Jon Favreau (que também interpreta o motorista Hogan “Happy”). O primeiro demonstra um perfeito controle de seu personagem, tornando-o divertido na medida certa, ao mesmo tempo em que apresenta camadas mais densas de drama quando necessário. O segundo possui um ótimo olhar para cenas de ação que, ainda que épicas, perpassam um forte senso de realismo. Nesse sentido se destaca, especialmente, as cenas de voo, onde a audiência é imersa na adrenalina de se voar mantendo, contudo, uma certa alegria jovial em realizar tal feito, em voar em um traje como o do herói.

Entretanto, não se trata de uma obra desprovida de erros, por menores que sejam. Dessa forma, destaca-se que há problemas no terceiro ato da história, sobretudo quanto à caracterização de seu antagonista principal, Obadiah Stane. Isto porque perde grande parte de suas nuances, tornando-se um protótipo de tirano que contrasta com o excepcional cuidado demonstrado pelo roteiro até então.

Felizmente, contudo, não é o bastante para afundar o filme. Trata-se de um pequeno tropeço, de modo que se entende que Homem de Ferro é um dos melhores exemplares acerca das qualidades do MCU pode proporcionar. A prova maior é que, ainda hoje, é tido como uma das melhores origins stories do gênero. Uma ótima maneira de se iniciar uma franquia que perdura até os dias atuais.