Crítica | Homem-Aranha No Aranhaverso (Spider-man: Into The Spider-Verse) [2018]

Nota do Filme :

O adolescente Miles Morales, nascido e criado no bairro Brooklyn, precisa se adaptar com a nova rotina de estudar na escola particular, mesmo desejando com todas as forças retornar para a antiga. Orgulho dos pais, ele busca sempre quando precisa de conselhos o apoio do tio descolado Aaron Davis. No decorrer de um “rolê” para grafitar a parede no subsolo da estação de metrô, Morales é picado por uma aranha modificada. Após esse acontecimento, ele precisa lidar com as mudanças do corpo, resultando em um encontro inesperado com Peter Parker (Homem-Aranha) lutando contra o temido Rei do Crime que aciona uma máquina capaz de atravessar outras dimensões.

Com o plano saindo pela culatra, 5 Homens-Aranhas distintos invadem o universo do protagonista, que recebe a missão de Parker para desfazer essa confusão, além de aprender a vestir o manto do herói. 

A Sony Pictures está compartilhando os direitos de Homem-Aranha live-action com a Disney, a solução encontrada da empresa foi investir em vilões do aracnídeo (exemplo do péssimo embora bem-sucedido Venom) e em animações envolvendo o herói, como é o caso de Aranhaverso. A direção é de Bob Persichetti, Peter Ramsay (Origem dos Guardiões) e Rodney Rothman.  A intenção deles juntos com os produtores Phil Lord e Christopher Miller foi em buscar as origens do personagem criado por Stan Lee nos anos 60.

Isso se deve ao excelente capricho por buscar componentes visuais necessários para recriar frames semelhantes ao que vemos nos quadrinhos. Durante a projeção de Aranhaverso, visualizamos muita utilização de balões indicando as ações a seguir dos personagens, onomatopeias, transição de animações 2D para 3D e vice-versa e planos-sequência que poderiam ser aplicados até em Live-Actions. O trabalho quebra convenções já consagradas pelo gênero destacando ainda mais a magnitude presente na tela. 

O roteiro também merece destaque, pois consegue a façanha de não perder o público com a enxurrada de informação jogada na tela durante os 117 minutos. Como é um filme de origem, é necessário desenvolver com calma o arco de Miles Morales, porém também precisa de espaço para elaborar o background dos outros 5 Aranha. A solução encontrada foi mostrar o crescimento do protagonista intercalando com a interatividade dos outros personagens. Isso causa dinamismo eficiente até o ato final que é o ápice do longa. 

Morales é um adolescente comum que após conseguir os poderes necessita de tempo para aprender a usá-los, no entanto, o relógio está contra ele, pois precisa o mais rápido possível salvar Nova York e abrir o portal para levar seus amigos Aracnídeos de volta para suas respectivas dimensões. Isso traz à tona o consagrado emblema da franquia “Com Grandes Poderes Vem Grandes Responsabilidades” ecoando na cabeça do protagonista.

O isolamento da família passa a ser frequente, a autoconfiança está em declínio e as dúvidas sobre o futuro são incertas. O Peter Parker de Espetacular Homem-Aranha serve como mentor para Morales, afinal o herói carrega nas costas 15 anos de carreira, morte dos tio Ben e May, além de ser divorciado de Mary Jane por temer ser pai – sem contar com uns quilinhos a mais, coisa incomum em heróis. A combinação dos dois é coesa, pois ao mesmo tempo que Parker quer ajudar Morales, ele o pressiona para encontrar as respostas sozinho. 

Não é à toa que Homem-Aranha: No Aranhaverso está sendo considerado por muitos como a melhor animação do ano. Desde os inúmeros fan-services até a narrativa descolada, a aventura é tão divertida e repleta de mensagens subjetivas como autoconfiança, liderança e perdão que podem agradar os tanto as crianças quanto adultos. O humor é bem dosado, os personagens são humanos, carismáticos e com peso relevante para a trama. Dito isso, o visual certamente será lembrado por muitos anos porque o que foi feito se aproxima de um milagre cinematográfico. 

Não deixe de assistir a cena pós-créditos.