Nota do filme:
Hebe Camargo é um dos nomes mais conhecidos da história da TV brasileira. Além de apresentadora, foi radialista, humorista, cantora; uma artista completa. Antes de chegar na TV, sua voz já era famosa no rádio nos anos 50. Pioneira no formato “ao vivo”, Hebe fez história e é praticamente impossível falar de comunicação no Brasil sem citá-la. Hebe: A Estrela do Brasil, conta uma parte importante da história dela, o lado mais sensível, íntimo e humano da mulher que desafiou a censura e teve coragem de lutar pelo que acreditava.
Filmes biográficos são comuns no cinema nacional. Grandes artistas como Tim Maia, Cazuza, Renato Russo e Elis Regina já tiveram suas vidas representadas em filmes. Dirigido por Maurício Farias — A Grande Família, O Filme (2007); Vai que dá Certo (2016) — O filme sobre a vida da Hebe permanece na zona de conforto das biografias. Mostra como a artista enfrentou as dificuldades para alcançar o sucesso e o preço da fama na vida pessoal. Sem aprofundar alguns dilemas apresentados, a narrativa do longa acaba por passar rápido demais por questões que deviam ser mais discutidas, como a censura e os bastidores obscuros da TV brasileira nos anos 80.
Ainda assim, graças a atuação contagiante de Andréa Beltrão interpretando Hebe, o filme cativa ao relembrar a personalidade da apresentadora. Talvez, seja esse o motivo da sensação de que o roteiro corre demais, algumas cenas são tão marcantes que é preciso tempo para refletir. Andréa Beltrão mergulha na personagem e consegue transmitir bem a alegria e os pesares que uma carreira de sucesso como a de Hebe pode ter. Além de atuações impecáveis, um dos pontos fortes do longa é a fotografia. Toda a atmosfera glamourosa dos anos 80 volta à memória. Desde as câmeras antigas usadas nos estúdios de TV, até os carros, roupas e objetos: parece mesmo ter sido gravado no passado.
Infelizmente, a maior parte da nostalgia é provocada pela parte visual do longa. Isso porque o roteiro parece ter sido feito para os dias de hoje. Assuntos como homossexualidade, gênero e liberdade de expressão que eram tratados como tabu ou censurados na época, ainda são atualmente. Hebe, engajada politicamente, lutava contra a censura em prol da diversidade. Portanto, o momento para se retratar uma artista como ela não poderia ser mais oportuno.