Crítica | Fora de Série (Booksmart) [2019]

Nota do filme:

O ensino médio é um período decisivo na vida de muitos adolescentes, pois com o seu término ocorre a transição para a vida adulta, fazendo-os questionar se aproveitaram esse momento da forma que gostariam, sem deixá-los com remorso no futuro, ou se traçaram a carreira profissional e depois descobrirem que a vida não ocorreu exatamente do jeito que se planeja.

“Duas grandes amigas conhecidas por serem os maiores prodígios da escola estão prestes a terminar o ensino médio. Faltando poucos dias para o grande momento, elas percebem que estão arrependidas por terem estudado tanto e se divertido tão pouco. Determinadas a não passarem por todo esse tempo sem nenhuma diversão, elas decidem correr atrás dos 4 anos perdidos em apenas uma noite. ”

Como todo filme do gênero, Fora de Série apresenta todos os clichês: a divisão dos alunos em tribos na escola, os professores e os pais “descolados”, interesses românticos aparentemente impossíveis, entre outros. Contudo, por mais repetitivos que sejam esses longas, este se sobressai em relação aos outros por trazer um frescor a essas narrativas pela forma que é contada.

Nesse caso, o roteiro se destaca pela capacidade de desconstruir as situações e os clichês do gênero, renovando esses episódios e conseguindo quebrar a expectativa da audiência, além de pavimentar e amarrar a sequência de fatos que compõem a trama.

Têm-se a isso a direção de Olivia Wilde, fazendo a sua estreia na função, que é bastante precisa quando transita entre os gêneros, pois, por se tratar de uma comédia, a diretora mantém a sua essência e assinatura que é apresentada inicialmente, além de incorporar novos movimentos e planos quando percorre entre os gêneros de drama, animação ou musical, nunca perdendo a originalidade.

Ademais, a direção de Wilde é coroada com um plano sequência brilhantemente executado com todos os méritos para as duas protagonistas da trama, Beanie Feldstein e Kaitlyn Dever, que atingem o ápice dramático requerido pelo momento.

Além disso, as atuações das duas protagonistas são ótimas, com as suas personagens se contrastando por meio de personalidades opostas. Aliás, o roteiro inverte os papéis das duas em certo ponto da trama, o que ratifica ainda mais a capacidade dramática das atrizes.

Na verdade, a química delas é afiada e, aliada ao roteiro e à montagem, faz com que os acontecimentos se desenvolvam de forma fluida, sendo o ritmo do filme bem definido, pois, além da transição entre os gêneros, a dinâmica do enredo captura a atenção na narrativa.

Portanto, apesar de ser um gênero bastante desgastado, Fora de Série aplica um refresco nessa categoria, além de revelar o talento de Olivia Wilde para a direção, de modo que o longa consegue atingir todos os públicos, seja satisfazendo os mais exigentes ou se tornando um deleite para os fãs do tema.