Nota do filme:
Nono longa do cineasta Quentin Tarantino, Era Uma Vez em… Holywood, possui características típicas do estilo do diretor, mas o aspecto gore, motivo pelo qual os fãs mais sedentos por sangue nas telas o cultuam, ocorre apenas nos minutos finais. Dirigido e escrito por Tarantino, com um elenco de peso, uma trama que envolve a indústria cinematográfica dos anos 1960 e tendo a história da morte da atriz Sharon Tate como pano de fundo, é um dos filmes mais aguardados do ano.
A obra acompanha Rick Dalton (Leonardo DiCaprio), um ator orgulhoso e inseguro que fez sucesso em um seriado chamado Bounty Law há alguns anos e agora tem que se contentar com pequenas participações em séries de TV. Decidido a dar a volta por cima segue com seu dublê e amigo Cliff Booth (Brad Pitt) na tentativa de resgatar a fama. A trama é costurada entre o universo cinematográfico de Dalton, pequenos flashbacks e a rotina de Sharon Tate (Margot Robbie), a jovem esposa do diretor Roman Polanski, que foi brutalmente assassinada, enquanto estava grávida, pelo grupo de Charles Manson.
O título faz referência aos filmes Era Uma Vez no Oeste e Era Uma Vez na América, ambos de Sérgio Leone. A homenagem ao faroeste, gênero apreciado por Tarantino, é clara, com as recorrentes cenas do fictício seriado Bounty Law. O roteiro é permeado por subtramas, que são apresentadas tal como pequenos retalhos em uma grande colcha. No entanto, muitas não são, propositadamente, desenvolvidas e, por ficarem inconclusivas, podem frustrar o espectador. Merecia mais detalhamento, por exemplo, o ideal buscado pelo grupo liderado por Manson ou, pelo menos, a menção às atrocidades praticadas por eles na época. Nem mesmo a dúvida sobre o fardo que Booth carrega é revelada, embora é possível que a intenção seja exatamente essa: deixar no ar sobre o que sentir diante desse sedutor, solitário e misterioso personagem.
A acertada escolha do elenco conta com Leonardo DiCaprio, Brad Pitt, Margot Robbie, entre outros, os quais se entregaram aos seus papéis e convenceram nas suas funções. DiCaprio permanece surpreendendo em uma ótima performance e Pitt continua charmoso mesmo nos seus mais de cinquenta anos. O primeiro brinca em uma cena estilo Robert De Niro em Taxi Driver, que rende uma bela homenagem, que é o que não falta nessa colcha de retalhos.
É uma verdadeira deferência ao cinema, com referência a faroeste, ação e suspense, mesclando ficção com realidade, a fantasia bem presente. Sob o olhar peculiar do cultuado cineasta de Pulp Fiction, Era Uma Vez em… Hollywood consegue criar grandes expectativas, gerando, em alguns momentos, um suspense em volta da trama e acaba por recriar os fatos com um tom melancólico no melhor estilo Tarantino, porém, na sua obra mais contida.
Os ingredientes, que fazem deste um diretor único, estão presentes no longa. Por sua vez, a narrativa arrastada e os vários momentos longos que não acrescentam em nada à história, deixam a película um pouco cansativa, além da expectativa criada em torno dos eventos ligados a Sharon Tate, que demoram a ocorrer. Todavia, as cenas analisadas de forma individual, como pequenas esquetes de uma espécie de drama não convencional, fazem da obra uma experiência interessante e uma oportunidade para se aprofundar no mundo cinematográfico sob o olhar de Quentin Tarantino.
Era Uma Vez em… Hollywood estreia em 15 de agosto nos cinemas.
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Direção: Quentin Tarantino | Roteiro: Quentin Tarantino | Ano: 2019 | Duração: 160 minutos | Elenco: Brad Pitt, Leonardo DiCaprio, Margot Robbie, Timothy Olyphant, Margaret Qualley, Dakota Fanning, Al Pacino, Luke Perry, Damian Lewis, Emile Hirsch, Kurt Russell, Zoe Bell, Mike Moh, Julia Butters, Austin Butler, Bruce Dern, Scoot McNairy, Lorena Izzo, Keith Jefferson, Rafal Zawierucha, Mikey Madison.
Apaixonada por filmes e séries, queria transformar o mundo em um lugar melhor, deitada na minha cama, ligada na TV.
“Sou só uma garota ferrada procurando pela minha paz de espírito.” Kruczynski, Clementine (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças).