1940, França. Christopher Nolan imerge o espectador no contexto da guerra logo nos minutos iniciais de seu filme. Na tranquilidade inicial surge o primeiro rompimento do ambiente pacato, acompanhada da trilha eletrizante de Hans Zimmer. Em menos de dez minutos é ditado o ritmo do longa. Com três narrativas que irão se interligar, uma na praia, outra no mar e outra no ar, não tem um protagonista que irá salvar tudo e a todos. Nesse filme tem apenas um protagonista: a guerra. Com coadjuvantes que fazem aumentar sua intensidade.
Apesar de ser um filme de guerra, Nolan mostra que uma boa direção é capaz de mudar os clichês dos tiroteios e explosões. Cada cena de ação é uma pilha de nervos, cada tiro disparado é uma respiração profunda, cada bomba jogada é uma acelerada no coração. Alie isso a trilha excepcional de Hans Zimmer, que faz com que as unhas sejam roídas de tanta tensão e nervosismo a cada cena.
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Com isso, o filme acaba por ser uma experiência de imersão, feito sob medida para ser assistido no cinema, e Nolan prova mais uma vez ser o Outsider dentro do sistema mais ousado dos tempos recentes, e um dos diretores mais geniais em atividade.
E, o único demérito no filme talvez seja a ausência de um papel mais expressivo da França na evacuação, pois historicamente os franceses tiveram uma participação maior que a mostrada no filme. Mas nada que influa no resultado final dessa experiência sensorial.
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Nos quesitos técnicos vale destacar o figurino, méritos para Nathan Crowley pela caracterização da época. Hans Zimmer leva um Oscar pra casa pois em 106 minutos de duração do filme, a tensão ocorre em 101 por causa da trilha, que irá parar apenas por causa dos créditos. Uma fotografia que consegue contrastar bem todos os momentos do filme. E a direção de Nolan, que acaba por se sobressair do convencional dos filmes de guerra.
Talvez essa seja o melhor filme de Christopher Nolan, provavelmente a experiência imersiva mais intensa já feita recentemente, certamente uns dos melhores filmes do gênero já feitos. A única coisa que importa é: esse filme deve ser visto por todos no cinema com a maior qualidade possível.
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Apaixonado por cinema, amante das ciências humanas, apreciador de bebidas baratas, mergulhador de fossa existencial e dependente da melancolia humana.