Tem certos atores que nasceram para um determinado tipo de papel, outros, vivem intensamente sua carreira sendo lembrado apenas por um papel marcante. É o caso de Sylvester Stallone e seu Rocky Balboa. Todo mundo conhece a história do boxeador de origem humilde que conquistou o cinema no final da década de 70. A origem de Rocky no cinema, marcou gerações, foi vencedora de Oscar de melhor filme, Stallone se viu no auge com uma indicação para melhor ator, sem falar da trilha sonora do filme que é uma das mais inesquecíveis da história do cinema. Independentemente disso, com o passar dos anos, assim como a maioria dos astros de filmes de ação dos anos 70 e 80, Stallone viu seu espaço em Hollywood ser diminuído e limitado a produções de lançamentos diretos em DVD, no começo da década atual, retornou com um projeto novo: Creed. O mesmo personagem que alavancou sua carreira estava de volta, só que agora como coadjuvante de um novo filme em que ele se tornaria treinador do filho de Apolo, um dos principais personagens da franquia Rocky. Foi o suficiente para a crítica abraçar o longa metragem e indicar Stallone para sua segunda indicação ao Oscar de Melhor Ator.
A sequencia de Creed, assim como o primeiro, está consequentemente ligada a acontecimentos da franquia Rocky. Agora, Adonis (Michael B. Jordan), o filho de Apollo, é o novo detentor do cinturão, treinado pelo seu “tio” Rocky (Sylvester Stallone), ele vê sua vida entrar num dilema quando é intimidado a lutar com o filho do assassino do seu pai: Viktor Drago (Florian Munteanu). Numa luta que está em jogo não apenas a vingança, mas todo um teor dramático onde a perda é a tônica principal do roteiro.
Escrito por Cheo Hodari Coker e Ryan Coogler, Creed II aposta na famosa jornada do herói. Um roteiro obviamente simples, do mesmo tipo que já conhecemos na franquia Rocky, o que inevitavelmente deixa certos acontecimentos que virá a acontecer no decorrer do filme, previsíveis. A tônica funciona. Isso é evidente. Funciona porque o elenco é competente e, apesar da obviedade do roteiro, Stallone sempre trás algo de novo na sua interpretação de Rocky Balboa. Sem falar da ótima química entre o casal Adonis (Michael B.Jordan) e Bianca (Tessa Thompson). Do outro lado do elenco, está a relação entre Viktor Drago e seu pai Ivan Drago (Dolph Lundgren), desgastada por eventos pós a luta de Ivan com Apollo, onde os levou para a pobreza e a despreza na sociedade esportiva da Rússia. Essa relação, por ser muito explorada pelo fraco roteiro, evoca situações em que o apelo emocional se torna desprezivo e apelativo. O que faz da direção de Steven Caple Jr não ser vista com olhos diferentes do que os normais, já que ele apenas opta fazer o feijão com arroz em filmes desse gênero.
Creed II é um filme que fala de perdas, não apenas de vitórias. É uma tocante no sentido de que a vida vai muito além das conquistas mas que insiste em tocar na mesma tecla de toda a franquia Rocky, levando o telespectador a questionar se não é uma mesma continuação dos filmes anteriores com um personagem principal diferente. Como entretenimento é um filme que agradará o público menos exigente, com exceção para os fãs que forem ao cinema que aceitam irem ao cinema e ver o mais do mesmo. A minha sincera opinião é que Creed II agrada, diverte e caí bem. Mas não acrescenta nada de novo para a franquia.
Ama o cinema desde que era uma criança quando, ao brincar com seus gibis da Turma da Mônica, os imaginava como se fossem pequenas fitas VHS de uma locadora de vídeo.
Correspondente das Cabines de Imprensa de Recife-PE.