Nota do Filme:
Ambientado em 1942 durante a Segunda Guerra Mundial, o longa segue a história de Steve Rogers (Chris Evans), um homem magérrimo de bom coração, nascido no Brooklyn que sonha servir no exército americano. Embora esteja fora dos padrões necessários para o alistamento, Rogers recebe uma oportunidade única para participar do projeto secreto capaz de criar “super-soldados”. Após testes bem-sucedidos, ele se torna o Capitão América. Vestindo o manto de herói da pátria, o protagonista precisa deter o nazista Caveira Vermelha (Hugo Weaving), líder da Hidra, que pretende usar o Tesseract para dominar todo o planeta.
O longa é dirigido por Joe Johnston (conhecido pelo interessante Jumanji e o medíocre O Lobisomem) e neste projeto ele opta por composições consagradas do gênero de guerra com camadas de super-herói, além da fórmula Marvel criada em 2008 com Homem de Ferro. O que funciona é a maneira como a cidade de Nova Iorque dos anos 40 é reproduzida, causando a sensação de nostalgia e a facilidade de inserir Easter-eggs para os fãs de quadrinhos do Capitão, conseguimos acreditar que aquele mundo é real. Isso se deve também ao ótimo design de produção e do CGI eficiente durante boa parte da projeção.
O roteiro consegue, mesmo de forma modesta, introduzir bem os personagens e explorar o relacionamento entre eles . Existe espaço suficiente para Chris Evans apresentar a clássica persona Steve Rogers, demonstrando o olhar humilde de conduta nobre onde a vida dos civis vem em primeiro lugar. É o clássico estereótipo patriota norte-americano.
O Dr. Abraham Erskine, interpretado por Stanley Tucci, é o único que acredita no potencial de Rogers, deixando de lado a aparência, e sim o caráter. A personagem Peggy Carter (Hayley Atwell) é um alívio para o gênero, pois foge do padrão da figura feminina indefesa em busca de amparo masculino, ela sabe muito bem mediar diálogos com homens e acrescenta valor a trama. Bucky Barnes (Sebastian Stan) é o principal amigo e inspiração para Rogers, a relação entre os dois funciona tanto no pessoal quanto em campo de combate. Já o vilão xenofóbico Caveira Vermelha apresenta discurso semelhante a Hitler: erradicar as raças que julga inferiores, buscando ser um imperador tirano. No entanto, não é possível sentir essa fúria ou iminente ameaça do personagem.
É possível notar problemas na estrutura narrativa do longa a partir do terceiro ato, pois demonstra ser demasiadamente apressado para dar desfechos, alguns sendo insatisfatórios para trama, ficando refém de ganchos para sequências (consequentemente Soldado Invernal). Além disso, o filme ressalta apenas o nazismo da fictícia Hidra e não explora o verdadeiro caos que foi a Segunda Guerra Mundial, coisas que nos discurso fazem questão de marcar que que coexistem, mas nunca são mostradas dentro do filme.
Com desfecho intrigante e personagens cativantes, Capitão América: O Primeiro Vingador apresenta uma experiência sólida sem inovar ou comprometer a imagem do herói, deixando um excelente gancho para a conclusão da primeira fase do MCU com Vingadores (2012).
Carioca da gema e Jornalista. Completamente apaixonado pela filmografia de David Lynch e Paul Thomas Anderson. Nas horas vagas, costumo assistir filmes da Criterion Collection ou da A24, além da vasculhar discografias de Indie Rock e Alternativo.