Nota do filme:
O Universo Cinematográfico da Marvel já está bem consolidado quando a trilogia do líder dos Vingadores chega ao fim. “Capitão América: Guerra Civil” é realizado para desfazer tudo o que conhecíamos da equipe de heróis mais famosa das telonas e inicia uma nova fase da Marvel Studios.
Anthony e Joe Russo voltam a contar a história do herói patriota (Chris Evans) que novamente luta contra um sistema corrompido e enganado por um homem (Daniel Brühl) com sede de vingança, usando o Soldado Invernal (Sebastian Stan) para criar atrito entre os Vingadores, principalmente com Tony Stark (Robert Downey Jr.) que sente culpa pelos acontecimentos de Sokovia – passado em “Vingadores: Era de Ultron”.
A direção é sublime, como em “Capitão América: O Soldado Invernal”, os irmãos Russo utilizam diversas técnicas cinematográficas para estilizar cenas de ação, como longos planos coreografados, cortes correspondentes com impactos sonoros, boa utilização dos personagens no espaço curto de tela, desenvolvimento de personagem através de lutas e perseguições. Ademais, é muito encantador assistir sequências de tirar o fôlego quando se é capaz de entender todos os movimentos em tela.
O roteiro de Christopher Markus e Stephen McFeely tem a responsabilidade de adaptar um dos arcos mais icônicos da editora. “Guerra Civil” (2006) escrita por Mark Millar e desenhada por Steve McNiven foi um sucesso estrondoso e ajudou a evitar a falência da Marvel.
Como o MCU não tinha tantos heróis como nos quadrinhos, e os direitos autorais de muitos personagens ainda estavam espalhados entre estúdios, algumas mudanças em relação à história original da HQ precisaram ser feitas. No filme, a enredo ficou condensado ao acordo que deixaria os Vingadores a serviço da ONU e à uma condenação de Bucky por crimes que não cometeu. Em todo esse cenário, é mérito do roteiro conseguir apresentar personagens novos e fazê-los ganhar a empatia do público em meio aos conflitos.
O real problema da obra é o vilão Zemo, o qual é apenas um ex-militar de Sokóvia que procura vingança pela morte de sua família. Zemo é bem sucedido em enganar a ONU, a inteligência de 117 países, e os próprios heróis, criando um colapso que acarreta na “guerra civil” e diversos eventos que não ficam muito claros durante o longa.
Outro problema do longa são suas piadas mal localizadas em um filme que trata de assuntos tão sérios. Claro que para personagens como Homem-Formiga (Paul Rudd) e Homem Aranha (Tom Holland) o alívio cômico é muito bem vindo, porém em algumas cenas as piadas atrapalham a dramaticidade.
É preciso louvar a atuação de Robert Downey Jr. que entrega sua melhor performance como Tony Stark. Em uma relação quase que simbiótica, ele se torna o personagem e absorve com muito realismo todo o drama que o envolve. No primeiro ato, o Homem de Ferro se encontra com a sua culpa personificada em uma mulher que perdeu seu sobrinho, enquanto isso Wanda explode um prédio num acidente durante uma missão dos Vingadores, causando uma maior articulação para o Acordo de Sokóvia ser aprovado mais rápido. Tudo é bem consistente e apresentado, criando uma expectativa para o que viria a seguir.
A seguir, o segundo ato corresponde às expectativas, com bastantes cenas de ação e desenvolvimento de relacionamentos entre os personagens, enquanto as discussões pertinentes sobre o controle estatal da equipe são esquecidas e entra em foco um novo conflito: defender ou prender o Soldado Invernal. Este ato tem uma das sequências mais marcantes do MCU, o confronto no aeroporto de Berlim, onde os heróis se enfrentam e nos divertem com combates bem humorados.
Contudo, o terceiro ato é morno em comparação ao anterior, seu ponto de virada narrativo é tudo que o sustenta, além do confronto entre os dois heróis mais queridos ser finalizado com peso dramático para os personagens. Algumas subtramas também são finalizadas sem muito esmero para não ofuscarem o confronto principal, como o arco de Zemo, por exemplo.
Portanto, “Capitão América: Guerra Civil” é um filme em que os fãs da franquia são agraciados com belas cenas de luta e um drama bem aplicado como no seu antecessor. É importante perceber que muito antes de Thanos, Zemo já havia vencido os Vingadores. Uma obra cativante, alucinante e segura.