Nota do Filme:
Muitas novidades e atualizações no horror dos mortos-vivos tomaram seu lugar ao sol com a multiplicidade das plataformas. Desde sua gênese magistral de George Romero até seus picos de Zack Snyder e Danny Boyle passando pelo profundo mergulho dramático de The Walking Dead, o gênero zumbi manteve uma impressionante subida em qualidade e variedade quase sempre atreladas na ambição de idealizadores por algo duradouro e único dentro do campo. Black Summer pega o agridoce de alguns dos elementos mais angustiantes e, em seguida, cai no olho do furacão. O diretor John Hyams executa uma tonelada de cortes capitulares, incluindo um que dá início à série e dura uns bons seis ou sete minutos, em uma tentativa de fazer você se sentir parte do enxame de sobreviventes tentando se espalhar em segurança ou se perder em pura sorte de escapar do inevitável.
Black Summer é em sua apresentação mais simples uma prequel de Z Nation, a resposta improvisada e ousada do SyFy em 2014 para o fenômeno The Walking Dead. Sendo um braço introdutório da recentemente cancelada série de cinco temporadas, a produção da Netflix trás um último alívio para o quão longe o universo mostrado em Z Nation foi. Supostamente a única razão pela qual a produção está sendo categorizada como prequel tem de ser para atrair os consumidores resilientes da série anterior de tão particular execução. Torna-se muito claro que nenhuma genética particular balança o quão próximas as duas estão.
A série sitia a fundação do surto em atos inicialmente interessantes. Na longa corrida pelo fechamento da temporada, estas etapas se tornam não mais que cortes caseiros para uma boba e previsível direção que o roteiro de cada episódio toma. Nisso, se leva muito a sério e se agita com a tensão, o horror e o perigo, mas falha em dar importância real aos personagens, talvez como forma de mostrar o quão vulneráveis são (o que remove grosseiramente a identidade da série e dos que fazem ela para o público – os sobreviventes). Há uma cena em Z Nation onde os personagens se encontram assistindo uma stripper zumbi dançar só para ver seu braço se soltar do corpo e continuar girando na barra de ferro. O maior alívio cômico em Black Summer talvez surja pela interpretação do público ao quão artificial alguns personagens são em seus diálogos e decisões. Uma tentativa embaraçosa da série em se mostrar natural que falha em sua execução conjunta.
Seis meses após o surto inicial acabar com Denver, o cenário está mergulhado no caos e na antecipação séria de um país que sabe que algo ruim está prestes a acontecer, mas está completamente despreparado para isso. É uma experiência mais alongada do que necessária quando entramos de cabeça em algumas cenas de ação sem cortes – o que honestamente, é mais do que a metade do conteúdo que a série mostra. Isso é transmitido pelo trabalho de câmera, que é feito principalmente com uma câmera de mão estabilizada enquanto atores se esgueiram por túneis escuros, pulam por casas abandonadas e correm por ruas desertas. É facilmente o que a diferencia da série principal e das de zumbis popularizadas, e é de certo eficaz em transmitir um sentimento compartilhado de ansiedade por estar preso em um mundo onde você pode ser comido cometendo um erro. The Walking Dead pretende ser cinematográfico enquanto sutil e reflexivo, mas colocado neste parentesco, Black Summer inclina-se para o real.
Black Summer é cruel, mas nunca de uma maneira que lhe tire do storytelling peculiar . Estamos nos espasmos da mentalidade única (e talvez já familiar de muitos espectadores) aqui. Sobrevivência e família. Narrativa, não é um elemento garantido na qualidade que a produção mira. É como se o show estivesse de olho em possibilidades imparciais e decisivas enquanto injustas para a audiência, levando em conta a possibilidade do protagonista nunca alcançar seu objetivo final ou de algum sidekick querido pelo público deixe de existir com algumas linhas de roteiro, mas leva o mundo a desmoronar ao seu valor aparente. Black Summer é de sangue frio, mas também bonito e meio honesto em sua ferocidade. Algo que não se executa bem com a mistura pesada em ação e passo rápido com que trata sua premissa.