Inspirado na no mangá Gunnm de Yukito Kishiro, Alita: Anjo de Combate se passa no século XXVI, época marcada por uma guerra conhecida como “A Queda”, deixando o planeta Terra em ruínas. O cientista e explorador Dr. Dyson Ido (Christoph Waltz) encontra no ferro-velho o corpo de uma ciborgue feminina praticamente intacto. Renomado por ser um grande mecânico de robôs, Ido restaura todos os membros da ciborgue e a nomeia de Alita (Rosa Salazar), em homenagem a sua falecida filha. O que ele não sabia era os segredos do passado dessa soldado criada para matar.
A direção é do norte-americano Robert Rodriguez, conhecido por trabalhos violentos como Um Drinque no Inferno, Sin City: A Cidade do Pecado e por obras voltadas para o público casual como Sharkboy e Lavagirl e a franquia Pequenos Espiões. Em Alita, Rodriguez transita entre a violência usada de maneira impactante – exemplo das fantásticas batalhas onde os ciborgues são mutilados – mesmo o longa tendo classificação indicativa de 14 anos aqui no Brasil; ao mesmo tempo uma sensibilidade para desenvolver o arco da protagonista.
Aproveitando o gancho, é necessário elogiar o cuidado ao tratar a personalidade de Alita. É agradável acompanhar o progresso da personagem, pois antes de entrar no campo da ação, o diretor preza em focar primeiro na humanidade dela – mérito também da performance carismática de Salazar, seja pelos diálogos paternais com Ido ou pelo lado mais romântico envolvendo o personagem Hugo (Keean Johnson), mesmo esse arco recebendo atenção mais do que deveria.
Da mesma forma que o roteiro sabe introduzir a personagem ao espectador, também demonstra dificuldades em se manter consistente durante os 122 minutos de projeção. Ao mesmo tempo que tentamos compreender a origem de Alita, a audiência é bombardeada por informações sobre a relação romântica entre Ido e a ex-esposa Chiren (Jennifer Connely), a criação da cidade voadora Zalem, seu imperador e o funcionamento do jogo mortal Motorball. Triste pensar que todos esses núcleos são interessantes e poderiam facilmente ter sido aproveitados com maior profundidade.
No elenco também estão Mahershala Ali sem tempo suficiente para mostrar seu talento na tela, Ed Skrein interpretando um vilão detestável, assim como Jackie Earle Haley e Eiza González.
Não poderíamos deixar de mencionar o brilhante trabalho da captura de movimentos envolvendo Alita. É de se notar o capricho para criar um rosto cartunesco sem perder a essência de Salazar, além da movimentação orgânica da personagem. O CGI também é ótimo, embora em certas batalhas, o uso da tela verde torna-se notável.
Alita: Anjo de Combate não é um avanço para a indústria como foi vendido para público por causa dos seus efeitos visuais e também pela produção de James Cameron (Avatar, Titanic), mas cumpre o mínimo necessário para agradar o público que busca boas cenas de batalha e protagonista com carisma. Devido ao seu roteiro inacabado, uma sequência será bem provável.
Carioca da gema e Jornalista. Completamente apaixonado pela filmografia de David Lynch e Paul Thomas Anderson. Nas horas vagas, costumo assistir filmes da Criterion Collection ou da A24, além da vasculhar discografias de Indie Rock e Alternativo.