Crítica | Alien: Covenant [2017]

Nota do Filme:

Quando eu soube que a espera de tantos anos estava para chegar ao fim com o novo trailer da franquia de Ridley Scott entrei em histeria. A apresentação do mesmo gênero com a promessa de reinvenção. Consumi muito do que esse cara fez e ainda insisto em reviver os gores da franquia quando tenho tempo. O lançamento de Covenant direciona Prometheus com um novo olhar. Muito embora o numeral não exista, essa é uma segunda parte do filme de 2012.

Covenant é acima de tudo um filme para os fãs do trabalho de Scott dentro da franquia. Nada se consolida ou revoluciona aqui dentro. Chega a ser frustrante ver um roteiro tão aberto e cheio de buracos que desonra o trabalho tão bem feito do pioneiro do terror espacial. Como é consequente dos sucessores de O Oitavo Passageiro, há uma análise do público pelo mistério que, por muito tempo foi interessante, mas que agora perdeu-se no banho de sangue exagerado. As cenas de ação mostram gratuidade e as personalidades recicladas no roteiro saturam o longa. Quando uma oportunidade empática se aproxima de cada um no decorrer do filme, ela se distancia imediatamente por uma atuação mal feita. Em determinado momento, o sentimento que Covenant passa é o de torcer para pedaços de carne e hospedeiros, não para humanos.

A produção é fantástica e pelo menos até metade do filme o roteiro é sublime e nivelado com a qualidade original da franquia. A tensão do descobrimento existe e os personagens, embora em parte descompromissados em falar ou expressar quem realmente são, acabam por anestesiar um pouco isso com decisões clichês de filmes do gênero. Sim, alguém sempre tem que ir tirar a água do joelho, mesmo que em um planeta novo e de fauna e flora completamente inexplorada. Havia ali um terreno tão fértil e empolgante para desenvolver um suspense envolto em mistério que o atropelo disso é triste.

Embora a revelação final mire um clímax já perdido na finalização completa, não alcança o que deseja com quem prestou atenção no superficial. Importantes cenas de luta que têm como objetivo uma resolução, são em suma desnecessárias. Michael Fassbender rouba atenção em todas as cenas que é introduzido graças ao afinamento e importância que a história o confere. Isso seria gritante se o filme tivesse acertado além da conta, mas com o elenco raso e tolerável que foi, é até saudável. Faltaram justamente elementos vitais que renderam o sucesso estrondoso da saga. Onde raramente (muito raramente) a franquia acerta desde o primeiro filme, sempre o elemento de ignorância do público é injetado pela forma vazia com a qual algumas cenas crescem. Menos é mais e Scott simplesmente ignora isso.

É um terror espacial fraco, mas que não peca no gore, embora esse tenha sido bem dosado aqui. O filme tentou ser elegante e contar uma história banhada em sangue, medo e suspense, mas falhou em todos os três pilares. Reviver o sentimento de empolgação com os facehuggers em cena é incrível. O Neomorfo é interessante e pouco mostrado além do que se recicla do trailer. Um fechamento com um clímax nada empolgante que se arrasta por pelo menos vinte minutos de ação ininterrupta. Se você não acompanhou os outros filmes, não se dê ao trabalho. O filme é bonito de ver de longe, mas é só isso. Pensar que isso é o primeiro filme de uma projetada trilogia não é nada ao que se dê mérito.