Antoine Lavoisier, químico francês, disse uma frase muito famosa até hoje, “Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. Apesar de concordar em parte com o dizer, ao assistir “A Tartaruga Vermelha” a citação pode estar em risco, mas é por um bom motivo.
Quem sou eu para discordar de um profissional tão importante quanto o citado, mas no filme dirigido por Michael Dudok de Wit, a frase poderia ser adaptada facilmente para “Na natureza, nada se perde, tudo se cria, tudo se transforma”, assim como a arte, a natureza não tem limites para gerar e tirar vida.
Um Homem após um naufrágio vai parar em uma ilha deserta, após viver sozinho por muito tempo, ele passa a construir uma jangada para sair dali, mas a embarcação sempre é destruída, o Homem não sabe o porque e muito menos quem a destruiu, porém, ao descobrir, uma relação se inicia entre eles.
Vemos aqui um exemplo claro de como a arte pode ser incrivelmente variada, se o cinema inicia com a era muda, aqui temos uma prova de como é possível nos tempos atuais, fazer um filme sem falas, apenas com música, enredo, imagens e montagem.
Todos os aspectos acima são essenciais para mostrar o ciclo da vida do homem na ilha, a música nos ambienta sentimentalmente na projeção, criando uma imersão necessária para que entendamos e nos coloquemos no lugar do personagem principal, assim como as imagens, que ganham força devido ao filme ser uma animação, os traços são impactantes, e esse impacto se mantem com a trilha sonora, os traços contribuem para a imersão.
Porém, o que chama mais atenção é como as imagens e a história contada ali, são um ciclo, no caso, são um ciclo de vida e das pessoas como seres sociais, como a montagem faz questão de expor através de poucos cortes e da harmonia mantida por eles. O ciclo é comovente por ser o da vida de qualquer pessoa, o nascimento, acontecimentos marcantes que moldam uma personalidade e um caráter, coisas ruins tão fortes que impactam a vida daqueles ao nosso redor e claro, a felicidade.
Felicidade que pode chegar na velocidade de uma tartaruga quando o animal está na areia, mas que sempre chega e não costuma chegar sozinha. Comumente, quando ela vem, o casco que se forma, assim como o da tartaruga do filme, se quebra, mas isso é momentâneo e ele sempre volta a ser como era antes.
Porque, como eu disse, não posso discordar de todo de Lavoisier, “Tudo se transforma”.
Formado em Jornalismo e apaixonado por cinema desde pequeno, decido fazer dele uma profissão quando assisti pela primeira vez a trilogia “O Poderoso Chefão” do Coppola. Meu diretor preferido é Ingmar Bergman, minhas críticas saem regularmente aqui e no assimfalouvictor.com