Sucesso de bilheteria e também críticas mistas da imprensa norte-americana devido a violência, o longa solo de Coringa, maior vilão do herói Batman, finalmente chegou aos cinemas semana passada. No entanto, há uma peculiar cena que chamou a atenção de diversos espectadores, e foi justamente a que o protagonista Joaquin Phoenix dança no banheiro após um determinado acontecimento. A compositora Hildur Guðnadóttir fez um breve comentário ao Indiewire sobre como foi crucial para essa cena.
Atenção! O texto contém spoilers sobre a trama.
Tudo começou com Phoenix e Phillips lutando para completar a cena no banheiro após Fleck assassinar três homens no metrô. No roteiro, a cena foi descrita com o personagem entrando no banheiro e limpando a maquiagem, imaginando no ato que cometeu. Entretanto, Phoenix não achou que isso seria algo típico do Coringa, então Phillips o apresentou pela primeira vez ao tema melancólico feito no violoncelo por Guðnadóttir. O resultado foi uma epifania inesperada: Bathroom Dance, na qual Phoenix criava os movimentos de acordo com as notas da música.
“Phoenix me disse há algumas semanas que foi esse o momento em que ele realmente conseguiu encontrar o personagem“, disse Guðnadóttir, que venceu o Emmy no mês passado pela trilha sonora na minissérie da HBO Chernobyl.
“E foi capaz de entrar na cabeça dele com a ajuda da música“, acrescentou. “Você poderia dizer que a dança foi coreografada com a música. Estávamos ouvindo junto com ele. E foi a primeira cena que eles me enviaram das filmagens, e foi tão mágico ver que ele estava basicamente experimentando os mesmos movimentos que eu fazia quando a escrevia. ” completa Guðnadóttir.
A compositora disse que foi convidada por Phillips para fazer parte da equipe de Coringa após o diretor ter assistido trabalhos solos de violoncelo em Nova Iorque. O instrumento foi a crucial para moldar ”O choro de socorro por ajuda e, finalmente, a dança de alegria.”
“É claro que eu cresci com o instrumento e tenho uma forte conexão física e emocional com ele“, disse Guðnadóttir. “Tendo isso como ponto de partida, eu tive quase um choque elétrico quando fiz o tema dele. Eu me senti muito forte por ele e era assim que eu imaginava seu mundo interior. Esta foi a nota: seu status de triste e solitário estranho, sua dificuldade em se encaixar e sua falta de compreensão de por que todo mundo lá fora não permite que ele faça parte do mundo deles. E eu achei isso muito comovente. Você fica tão bravo com ele porque o abuso [ele sofre] é tão inimaginável. ”
Coringa está em cartaz nos cinemas.
Carioca da gema e Jornalista. Completamente apaixonado pela filmografia de David Lynch e Paul Thomas Anderson. Nas horas vagas, costumo assistir filmes da Criterion Collection ou da A24, além da vasculhar discografias de Indie Rock e Alternativo.