“Sembene” é uma homenagem ao grandioso diretor do cinema africano Osmane Sembene e um presente a aqueles que amam ou almejam conhecer mais sobre esse universo. Conhecido como pai do cinema africano, Sembene deixa em sua filmografia grandes obras, como “Moolade” e “Xala”. No documentário, lançado em 2015, são sequências animadas que separam a narrativa em atos, causando-nos uma imersão na vida e carreira do diretor.
Na visão de Sembene, a África de verdade seria uma parte apagada em torno ao conhecimento das pessoas de outros países. Não é toa o fato de que Sembene teve como objetivo em toda a sua carreira fazer a projeção da voz daquele povo que era deveras silenciado. Osmane despertou o poder cinematográfico de todo um continente que ainda parecia adormecido nas suas expressões audiovisuais.
O longa dirigido por Jason Silverman e Samba Gadjigo vai além e caminha em torno as obras de Sembene e as temáticas tão fortes e bem retratadas. Caminhando por trechos desses filmes, deparamo-nos com a questão do choque cultural e relações inter-raciais presentes em “La Noire de…” e o empoderamento feminino e a questão polêmica da mutilação genital que é abordada em “Moolade”. Fica-se claro o uso do cinema como uma ferramenta para explorar problemas. Criando uma nova linguagem, Sembene foi pouco a pouco proporcionando aos africanos a identificação que eles não conseguiam encontrar em nenhuma outra obra cinematográfica.
Por meio dos filmes, Sembene “gritava”, impulsionando sua força e militância. São filmes que acabam sendo obras extremamente necessárias.
“Liberdade é a batalha na qual se corre o risco”
E era esse risco o qual Sembene percorria e ultrapassava para transpor na tela o objetivo que era o cerne da sua obra: revolucionar. O trabalho de Osmane vai além do entreter e atinge o ápice do empoderar.
Com esse documentário temos uma noção do quanto o amor pelo cinema perdurou até ao fim da vida de Sembene. Amor que perdura e continua vivo em suas obras até hoje. Como diz-se no filme, Osmane nunca morrerá. Esse longa, tão recente, desperta a aqueles que já conhecem o trabalho longínquo do diretor, a vontade de rever suas obras. E para quem não conhece, a vontade de devora-las de uma só vez.